terça-feira, 25 de outubro de 2011

Evey Lainhûr, a barda

(Aproveitando um espaço. Ainda não sei se a mesa nova se enquadra aqui no Wintertouched, mas não estou saindo tanto do tema e pelo menos assim compartilho com vcs o que eu fiz enquanto deveria estudar pra prova de depois de amanhã ;) )



Os bardos devem contar suas histórias e manter vivas as lendas. Através da canção de um bardo guerreiros tornam-se heróis, aventureiros tornam-se imortais e toda viagem é possível para todos os cantos do mundo - basta fechar seus olhos e deixar que a canção tome conta de você.

Conhecendo de forma tão íntima o poder da música bárdica, como poderia um menestrel ousar transformar sua própria história em canção? Pois bem, aqui estou eu, Evey Lainhûr, e com uma humilde reverência preparo-me para contar de onde eu vim. Sintam-se honrados, ouvintes, pois poucas pessoas tiveram o privilégio de ouvir as palavras que estão prestes a ouvir.

Não nasci com este nome, mas tampouco sei se poderia receber o nome de meu pai. Lars Alendronel era (ainda é, acredito eu) um pequeno nobre de um lugar longe daqui. Um homem justo e honrado, que assumiu cedo sua responsabilidade e que, como quase todos aqueles de jovens corações, deixava-se levar pelo ímpeto e pelo sentimento.

Sobre minha mãe eu pouco sei. Quase não tive contato com ela e o conhecimento que juntei foi reunido através de rumores e fofocas das criadas do castelo de meu pai. Ela era uma viajante, uma andarilha que trocava suas histórias e canções por abrigo e uma boa conversa. Por algum tempo ela ficou no castelo de Lorde Lars e ambos tiveram um caso que durou algum tempo - até que ela sumiu sem pistas, sem notícias, sem um adeus. Meses depois um cesto foi deixado aos portões do palácio, e eu estava nesse cesto, recém-nascida, desamparada, trazendo um medalhão gasto de prata com o símbolo de Olidammara e uma mensagem de minha mãe dirigida a Lorde Lars, "lamento, mas meu coração é livre, e eu jamais poderia apegar-me nem a ti, tampouco a esta criança." Nunca soube mais nada a seu respeito (e como Lorde Lars proibiu expressamente que o nome dela ou qualquer coisa sobre ela fosse dita, principalmente depois que eu comecei a fazer perguntas, sempre foi meio complicado conseguir essas informações).

A escolha de minha mãe em deixar-me junto de meu pai foi sensata, uma vez que Lorde Lars era um homem honesto e sensato e seguiria a tradição daquelas terras que dizia que um senhor de valores criaria de forma digna seus filhos bastardos. Fui batizada como Eveleen e educada como seria apropriado a uma filha de um pequeno senhor, e além de aprender diversas coisas sobre caligrafia, história, religião, etiqueta, geografia, heráldica e outras destas erudições, fui educada na arte da música, arte que sempre ocupou o espaço mais especial dentro do meu coração. Ainda que nada me faltasse, meu pai mantinha sempre uma certa distância - talvez eu o envergonhasse, talvez ele fosse digno demais para demonstrar amor a uma filha bastarda, talvez eu ficasse mais parecida com a minha mãe a cada dia que passava.

Tinha uma vida confortável com quase tudo que eu queria, mas ainda assim, sentia inquietude em meu coração. A vida entre as paredes de pedra do castelo parecia monótona e já completamente escrita para mim, Faltava algo... era como que se eu sentisse a necessidade intermitente de atirar uma pedra em um lago tranquilo para ver as ondas formando-se em sua superfície. Nunca me comportei "da maneira adequada a uma dama", como diria minha governanta. Quase sempre eu me metia em problemas - problemas dos quais eu me livrava com um doce sorriso e um pedido de desculpas, pois sempre tive muita habilidade em persuadir e lidar com os sentimentos das pessoas... que aia conseguiria resistir a uma criança travessa com grandes olhos claros e um sorriso de orelha a orelha? Apesar de meu pai ser devoto de Pelor, descobri em segredo Olidammara e nutri uma simpatia secreta pelo deus do Caos - e sempre exasperei os clérigos e mestres com todos os meus "por quês".

Os anos da minha infância foram muito confortáveis até que meu pai decidiu casar-se com outra nobre. Um casamento adequado, motivado por interesses e estratégias claro, porém com uma esposa de verdade, uma mulher que Lorde Lars poderia amar - e que poderia lhe dar filhos dignos. Sempre tive uma boa relação com meus meio-irmãos, mas Lady Alendronel me desprezava, desde a primeira vista, sendo imune aos meus encantos de criança bonita, inteligente e carismática. A jovem esposa do meu pai sempre viu em mim uma ameaça, e apesar de pouco poder fazer para retirar meu conforto ou a minha posição, não hesitava em lançar-me palavras ácidas pelas costas do marido. Lady Alendronel foi o estopim que mudou a minha vida, e apesar de toda a inconveniência que ela já me causou, até sinto-me grata pelo que ela veio a fazer.

Eu era uma ameaça conforme eu crescia - parecida com a vagabunda que tinha sido a minha mãe e ainda por cima, meu comportamento era inapropriado demais. Lady Alendronel não podia me tolerar naquela casa que era sua para governar - portanto, precisava livrar-se de mim. O jeito mais simples foi convencer meu pai que uma filha que estava atingindo a maturidade, mesmo que fosse bastarda, podia render uma boa aliança com alguém (claro, Lady Alendronel jamais me daria um casamento com um nobre, já que eu era uma bastarda e jamais poderia me igualar a ela em status... mas qualquer casamento serviria). Foi ela mesma quem achou um comandante vassalo de seu pai, e que convenceu meu pai a preparar os arranjos para que eu viajasse com o dote o quanto antes fosse possível para conhecer meu novo marido, casar e nunca mais aparecer na sua frente novamente.

Então seria aquilo: o destino pretendia reservar para a mim a vida de esposa e mãe, cuidando da minha própria casa, parindo meus filhos e envelhecendo enclausurada. Nada parecido com o que eu sentia que poderia ser o meu caminho, de forma alguma similar com o que eu poderia ambicionar. De repente, eu senti que não poderia fazer mais aquilo e que a casa do meu pai não era nem nunca tinha sido um lar. Eu precisava partir. Juntei meu dote (que, afinal de contas, pertencia-me então, já que eu decidia ser a minha dona ao invés de pertencer a um marido) e deixei uma nota curta para meu pai, sem perceber que era muito parecida com a que ele recebera um dia: "Desculpe desapontá-lo, mas meu coração é livre e eu jamais poderei corresponder ao que você espera de mim."

Roubei um cavalo e fugi, na calada da noite, para o mais longe que eu pude fugir. Se Lorde Lars me procurou eu não sei, mas temia que homens fossem enviados ao meu encalço e por isso quando eu finalmente achei um lugar para parar não ousei usar o nome que ele havia me dado. Eveleen havia ficado para trás junto com o meu bilhete, e por isso, adotei o nome pelo qual somente minhas aias me chamavam - Evey. Alguns anos mais tarde somei ao novo nome a minha alcunha, Lainhûr*, que em élfico significa coração selvagem.

Meu dinheiro me sustentou por um tempo, mas mesmo assim, eu precisava de algo para fazer. Não me rebaixaria ao nível de me prostituir, já que meu compromisso era com a minha liberdade e com o meu livre arbítrio. Ainda assim, o mundo das tavernas, bares e bordéis era convidativo - e aproveitando meus talentos, ofereci meus serviços como menestrel. Construi minha fama através do meu esforço e trabalho árduo, e foi através dos meus méritos que cheguei onde cheguei hoje.

Estou em Abstein(*) há 10 anos já. Estabeleci meu nome como barda e menestrel, o que me dá acesso a praticamente qualquer taverna onde eu queira ir - além de bons quartos, boa bebida, boa companhia e boas mesas para se jogar e apostar. Ainda que uma barda com tendências boêmias não seja exatamente bem vinda em salões mais dignos, tenho prática o suficiente com os nobres para saber como me infiltrar quase onde quer que eu vá - o que é muito útil e rende um ou outro serviço bem pago para ouvir e reunir conhecimento. Afinal, quem suspeitará daquele que conta as estórias?

E assim chega ao fim meu relato, meus caros ouvintes, uma vez que esta é uma história com páginas em branco ainda a serem preenchidas. Para onde minha história me levará, que palavras completarão minha canção? Isto só o tempo (ou meu bom amigo de todas as horas, meu caro Oliddamara) poderá dizer.


* Do sindarin: "lain" livre e "hûr" coração, espírito. Créditos pro Tolkien! ;)


Evey Lainhûr, elfa, barda, CN
FOR 16, DEX 22, CON 16, INT 18, SAB 18, CAR 24
Display: 1,60m, 50kg, cabelos ruivos, compridos, ondulados; olhos verdes, tatuagem tribal/espirais do ombro esquerdo até o cotovelo, tatuagem de Olidammara na região da escápula direita; armadura de couro estonado e batido no estilo de um sobretudo/corset dress; botas de cano longo (até a coxa) também de couro estonado e batido; manto do carisma (Verde escuro, com galões de prata decorando a barra e o pescoço e um fecho de prata polida trabalhada), chapéu de abas largas, castanho, com plumas vermelhas. Usa um arco longo composto e carrega consigo um alaúde.