quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Águia


Pessoas, compartilhando algo do display da Irina com vcs =)

Tava assistindo o natgeo com a minha mãe ontem e achei algo sobre essa águia aí, a wedge-tail australian eagle, dourada e marrom, porte médio (a maior já vista chegava a 2,4m de envergadura), linda... achei o companheiro animal pra completar o display da Irina!

E quanto a nome... como eu não tenho criatividade, continua sendo "águia", mas estou aberta à sugestões e idéias XD


beijos pessoas, até a próxima sessão =)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Notas da Irina.

Existem muitas coisas sobre a natureza que eu não entendo, porém eu respeito. A interação do elemental da água com a Liahra, por exemplo - confesso que o meu instinto inicial foi sacar minha cimitarra e impedir que ele a englobasse e afogasse, mas então esperei. Não tenho a mesma ligação que um druida tem com a natureza, mas eu a respeito e sei que nela existe muito mais do que eu posso compreender.

Outra coisa que eu não compreendo, porém respeito, é a intuição de um druida. Não tive dúvidas que quando o Kas contou que pressentia algo terrivelmente errado acontecendo com o Badin, e nós não hesitamos em pedir ao Ent que cuidasse da Liahra enquanto nós dois corríamos (EU corria. O Kas transformou-se numa águia e voou... coisas de druida...) de volta a Eriden. Corremos direto para o templo de Moradin e ao chegar perto, os ruídos de batalha eram audíveis.

Baco e Hael estavam lá, junto de vários anões da guarda da cidade caídos e dois guardas ainda lutando contra um grupo de inimigos - aquele grupo peculiar de anões, acompanhado de um lobo (que agora jazia caído) e um druida que havia chamado a nossa atenção antes. Alguns deles já estavam caídos, e tanto Baco quanto Hael pareciam feridos.

Quando vi um dos inimigos esgueirando-se para esconder-se atrás de uma coluna, não pensei duas vezes antes de correr até ele e atacá-lo. De forma geral, o que fizemos foi fácil, restavam dois dos anões estranhos. Nós os matamos e soltamos clérigos e acólitos amarrados nos cantos do templo. Mal eu e Hael terminamos de soltar as cordas, ouvimos um clangor do andar superior. Preparei-me para o que quer que pudesse vir... e mesmo assim não foi suficiente para ver o que eu estava prestes a ver.

O druida-anão desceu a escadaria que vinha dos pisos superiores do templo, e poucas vezes antes eu vi humanóides com um aspecto tão selvagem. Ele descia circundado por uma névoa e trazia na mão direita uma cimitarra e na mão esquerda, um escudo. Com a mesma mão que segurava o escudo, segurava a cabeça de Badin. Parou, encarando a todos nós com fúria - pela morte do lobo, talvez?

Não sei dizer agora que tipo de sentimento me tomou nesse momento. Uma fúria amarga e cega me impeliu a andar até o inimigo, deixando de lado qualquer cuidado, e a atacá-lo. Hael veio logo depois e Baco também atacou, enquanto Kas conjurava feitiços que curavam Baco e Hael e dava mais força física ao Hael.

Numa altura, o anão transformou-se num urso enorme. Não me senti intimidada pela névoa ou pelo tamanho da criatura. Eu queria uma única coisa, que era ver a vida daquela criatura drenada, a morte de Badin vingada. O urso começou a recuar para as escadas e eu saquei o meu arco. Eu sabia que seria difícil atirar em meio a neblina, mas isso não importava. O druida estava ficando sem opções, e mesmo que estivesse numa posição vantajosa, num corredor estreito onde nós não poderíamos atacá-lo todos ao mesmo tempo, não resistiria por muito tempo, ou ao menos enquanto Hael pudesse atacá-lo, eu tivesse flechas e o Baco, feitiços. Portanto, resolveu fugir.

O anão-urso conjurou um feitiço que lhe deu asas, e voando, atravessou sobre nossas cabeças em direção a porta de saída do templo. Em meio a minha ira, um pensamento prevalecia: "ele não pode fugir... ele não irá fugir!". Os anões da guarda, que não tinham feito nada apavorados pelo druida, ao verem o urso enorme a sua frente, sem a nossa confortável proteção, tremeram e correram. Nós não seríamos tão fracos, nós não deixariamos o assassino de um amigo escapar ileso. Foi Hael quem correu até ele e golpeou-o - nós vimos a cimitarra reaparecer e voar longe enquanto o corpo do anão tombava. Hael imediatamente constatou que ele parecia morto e começou a desarma-lo e despi-lo.

Andei até o inimigo tombado e nesse momento um impasse surgiu: por mim, o druida no chão deveria ter o mesmo fim que deu a Badin. Se ele violou o corpo do meu amigo, não iria para o outro mundo - seja lá qual ele fosse - inteiro. Para Hael, isso não era da nossa conta e o anão deveria ser entregue à justiça de Eriden (a justiça de uma cidade onde a guarda foge perante o inimigo que acabou de matar o rei por direito? Que justiça pode haver num lugar assim?!?). Argumentei e Hael consentiu que eu fizesse a minha justiça enquanto ele retirou-se para o segundo andar, procurar o resto do corpo de Badin talvez. Sorte. No humor em que eu me encontrava, eu não teria hesitado em brigar com o paladino para fazer o que eu considero certo e sei que ele também não hesitaria. Não teria sido bonito. O corte que decapitou o druida foi perfeito - dado com a minha cimitarra flamejante, foi imediatamente cauterizado. Segurei a cabeça do inimigo como troféu enquanto eu parava para finalmente assimilar tudo que havia acontecido.

Badin estava morto e isso parecia algo distante. A minha sensação era como estar dentro de um sonho vívido - naqueles onde você vê as coisas acontecendo, participa dos acontecimentos no entanto sente aquele torpor que lhe diz que aquilo não passa de um sonho, ou no caso, de um pesadelo. Eu mal conseguia me dar conta de Kas e Baco reunindo e acalmando os acólitos. Não vi quando Hael voltou, pálido e perturbado, trazendo um saco sujo de sangue e os equipamentos de Badin. Não quis saber em que estado encontrava-se o lugar onde Badin foi morto.

Nesse momento oportuno, a guarda da cidade chegou, e isso só serviu para aumentar a minha raiva. Quando aquele que pareceu o militar de maior patente adiantou-se para perguntar o que estava acontecendo, nos olhando com aquela suspeita arrogante com a qual os anões da elite de Eriden olham para aqueles que não são os seus, eu atirei a cabeça do druida aos seus pés.

"Aqui está o filho da puta que assassinou o seu rei." Foi o que eu consegui dizer, foi o cano de escape para a minha raiva. Nós tinhamos falhado em defender o rei deles - o nosso amigo. Mas e quanto a eles? Era o dever da guarda, não nosso! Nem que não fosse por Badin, mas pelo templo de Moradin, pelo templo do deus que os anões mais veneram e respeitam! A falta deles era tão grave quanto a nossa...

Um burburinho surgiu e a expressão do anão mudou. Hael indicou que carregava o corpo do rei e uma agitação começou. Logo, uma trompa soou e o cortejo fúnebre foi organizado. Eles encarregaram-se do corpo, coroando-o e eles encarregaram-se das homenagens. Controlei a raiva, em respeito ao meu amigo morto, mas não pude deixar de pensar na ironia: agora, Badin era aclamado e adorado. Há poucos dias atrás, era chamado de fugitivo e covarde... Malditos anões!

O cortejo fúnebre seguiu até o círculo de pedras ao norte de Eriden, onde o regente aguardava. O corpo de Badin, que agora eu tinha certeza de que estava em pedaços, foi remontado e sua armadura foi vestida. Os presentes que ele havia recebido enquando seu cortejo passava - flores, lenços, eram colocados junto a ele no local de seu último descanso. Baco também deixou sua última homenagem - encheu a caneca que Badin sempre carregava com cerveja e deixou também um pernil de porco. Acho que Badin teria gostado muito dessa homenagem, mais do que das flores ou lenços...

Quando estávamos no platô, recém saídos da caverna na qual os Irmãos nos colocaram, pudemos ver o círculo de pedras de Eriden, porém agora percebia um detalhe que eu não havia visto antes: dentro do círculo haviam túmulos, túmulos cujas lápides eram machados anões entalhados com os rostos absurdamente realistas de seus antigos donos.

Um anão muito velho e encurvado aproximou-se e pediu o machado do rei. Ele então começou a trabalhar com as chamas, esculpindo no machado um rosto que me surpreendeu pela semelhança vívida com o meu amigo morto. A despeito da força (ou falta de) do velho anão, ele cravou o machado de Badin até a metade no chão. A cova onde jazia o corpo de Badin foi enchida com feno e o fogo que havia dado forma ao rosto de Badin em seu machado foi transmitido para o seu túmulo. Ali Badin queimou, e continuou queimando até que os únicos presentes fôssemos nós e o velho anão, que havia voltado aos seus afazeres. Quando a pira terminou de queimar, deixou em seu lugar algo parecido com um túmulo de pedra, sobre o qual jazia a imagem de Badin, vestido com a sua armadura de spikes e repousando em seu sono eterno. Hael destrançou parte da trança de Moradin e a amarrou no machado. O dourado dos fios deu lugar a uma cor de palha, e a trança virou pó. Na base do machado, cresceram flores bonitas, recobertas de espinhos. Se eu estivesse com um humor melhor, eu teria rido dessa ironia em particular - de que até as flores do túmulo de Badin tem spikes.

Ainda estou assimilando essa perda terrível, mais uma perda dentre outras que já tivemos. Perdemos Adron e perdemos a Chantal. Ao menos agora, Badin teve um funeral digno e um enterro decente. Ainda que dessa vez nós tenhamos matado os responsáveis pela morte de um companheiro, não tiro da minha cabeça que nada disso teria acontecido se não fosse o nosso encontro com os Irmãos. Desde o começo eu não queria ficar em Eriden e talvez no fundo eu imaginasse o por quê.

Não quero passar mais tempo em Eriden ou entre esses anões que despertaram a minha antipatia logo no princípio. É hora de reunir nossas coisas e partirmos. Na minha opinião, só vejo um destino a nossa frente: Bantur. É em Bantur que eu sinto que encontraremos as próximas pistas sobre o paradeiro dos Irmãos ou sobre o motivo pelo qual tantos demônios estão à solta pelo mundo.

Badin, meu amigo: descanse em paz, com Moradin. Aproveite a sua estadia ao lado do deus dos Anões como o descanso merecido após lutar bravamente várias batalhas. Aproveite seu porco, sua cerveja e a sua glória. Não se preocupe, pois aqui nós continuaremos lutando.


(Tentei escrever do ponto de vista da Irina, só com as coisas que ela viu/soube, por isso, omiti propositalmente algumas coisas. Além diso, é bem possível que um detalhe ou outro esteja diferente daquilo que aconteceu na sessão, se alguma coisa estiver MUITO errada, por favor corrijam >_<)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Nova ficha - Versão Final

Galera, notícia boa!

Seguindo as orientações finais do Ig, do Miro e de todo mundo que opinou e ajudou a construir essa nossa realização, entrego a vocês a nova ficha personalizada Wintertouched. ;]
Espero que gostem!

Como não achei que a versão PDF tenha ficado bonita (as linhas engrossaram MAIS o.O) fica aí a versão excel mesmo.
Só imprimir, em uma aba está a frente, na outra o verso. ;]
Valeu!

http://rapidshare.com/files/434529861/fichapronta.xls

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Atenção! A nova ficha está a um passo de ficar pronta!

Eu só preciso de um programa pra editar pdfs. Alguém conhece um bom?
(Adobe reader é só pra ler ;P)

Versão provisória da ficha

Então, galerë, essa é uma versão provisória da ficha.
Ela está em .jpg justamente pra ficar porco. Não vai ser essa a final sem antes a galera toda dizer "curti".
Aí eu libero o PDF e vocês podem mostrar pros seus amiguenhos, pra mãe, pro pai, pra vó, pra quem vocês quiserem.
Só não pode vender. Se vender, tem que pagar royalties pra mim Wizards of the Coast. >;/

Frente 


Verso
 

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Entradas e saídas.

Eu nunca fiz o que farei agora. Nunca, sem sequer perguntar pro resto do grupo, removi um membro da mesa. Mas devido a acontecimentos recentes os quais não me cabe explicar (ele sabe o que fez, explico sábado), declaro que o Leandro não faz mais parte da mesa.
Em seu lugar, entra o Kadu, amigo do Miro. Este sábado é o primeiro jogo do Kadu na mesa.

De acordo com o Ig, o Cubo pretende jogar conosco, mas não pode esse sábado novamente. Como eu fiquei sabendo disso com bastante antecedência, ele permanece como possível entrante, para a sessão seguinte.

@Kadu e Cubo:
Faltou três sessões seguidas avisando em cima da hora ou não avisando é kick da mesa.
Todos os avisos e histórias pertinentes da mesa serão postados aqui, tanto por vocês quanto pelos outros jogadores (e por mim, claro). Todo mundo tem permissões de postagem. Usem com sabedoria.
A gente tem muuuuuuuitas regras da casa, qualquer coisa é só perguntar. Exemplos são: não cobro munição ocmum (flechas, virotes e balas de funda comuns)
Um quote de um post antigo, mas que vem sempre a calhar:
se eu coloquei setenta e quatro zumbis, é porque eu sei que vocês são capazes de matar todos, sem cair.


Algumas postagens interessantes p/ começar a jogar:
Guidelines (IMPORTANTE!)
Como passou o último mês (conto que se passou1 mês e meio atrás, na cronologia atual do game) (História)
Diários do Patife (Diários do Baco)
Artigos de outro blog (alguns são mais importantes que os outros e o texto contém um aviso)
Contos de Fraëa
Mapa do mundo
Cenas de uma batalha (conto bem legal que eu escrevi e aconteceu/acontece/acontecerá em algum momento em Annuil)
Gênesis de Annuil
Acho que é só. :)

Próxima Sessão - Data e Horário

Sábado, 15:30, minha casa, como sempre.

O game vai até no máximo meia noite, porque domingo é dia de vestibular.

Teremos novidades na mesa, e algumas podem não ser muito boas, aguardem mais informações.

Também é possível que mudemos o horário do jogo, veremos isso próxima sessão.

(By the way, a ficha nova está quase pronta! Se funcionar do mesmo jeito que twitpic elas estarão logo abaixo/acima/em algum lugar da postagem)

Comentem aí!!!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Novas Skills

Galera, preciso muito da opinião de vocês agora.
Leeembra que eu disse que pretendia enxugar as skills, porque tinha muita skill inútil que nunca era usada, fazer algo mais no estilo 4.0 nesse aspecto?
Então, conversei aqui com o Miro e chegamos a algumas conclusões, mas eu queria validação de TODOS.
A seguir, vai um link do google docs com a lista de skills agrupadas com sua nova correspondente ao lado.
Queria que todos lessem, pensassem e dessem o Ok do lado ou desse a nova sugestão,  em suas respectivas abas. Se TODOS os campos não estiverem preenchidos com OK no final a lista não vai ser aprovada e nossa ficha nova não sai, então eu quero a participação de todos.


Lista de Perícias

Outra coisa: Ouvir/observar/procurar, têm diferentes habilidades chave. A maioria vai contar, nessa. Vamos usar sabedoria para a nova perícia.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Diário do Patife #2

Nota 534 (dia X+34, horas depois)

Estou parado em um esconderijo que aparenta ser Anão, esperando o Kas cozinhar e morrendo de cansaço. Essa provavelmente vai ser a maior nota que eu já escrevi na vida. O resto do dia foi bastante movimentado.

Primeiramente, pouco após a minha última nota nós encontramos uma sala estranha perdida no meio dos corredores subterrâneos que levavam à cidade. Após alguns minutos descobrimos que ela parecia ser algum tipo de templo misturado com sala de estudos para crianças, ou seres pequenos.

Tinha diversas portas com correntes de ar e um teto repleto de cristais mágicos. Se você abrisse determinado conjunto de portas, a sala se transformava em um Santuário para determinado Deus. Testamos diversas combinações e vimos os diversos santuários.

Então a história ficou mais interessante. Tomado por algum impulso estranho (ele sempre faz coisas estranhas), Kas coneguiu convocar o próprio Obad Hai e recebeu sua benção e uma avelã. Logo em seguida, Badin teve uma conversa com Moradin e, após ele, Hael também palestrou com seu deus. Foi surreal. A próxima foi Liahra, que após momentos de conversa com Corellon, conseguiu curar perna quebrada de badin e nos chamou a todos para um banho de poça.

Vendo a ajuda que esses Deuses puderam oferecer, resolvi chamar Boccob, o responsável pela magia. Minha intenção era simplesmente pedir alguma ajuda com nossos disfarces, mas conseguimos muito mais do que isso: Ele pegou a própria pena e escreveu no meu grimório. Repito: eu tenho magias que o próprio Boccob escreveu em meu grimório de próprio punho. Ele também concedeu um pouco de seu conhecimento aos outros conjuradores do grupo e de quebra nos deus um disfarce MUITO maneiro.

Recuperados, preparados e devidamente disfarçados, nos dirigimos à cidade Drow. Hael nos informou que devia resgatar o filho de um amigo e resolvemos passar por dentro da cidade para tentar descobrir algo. Após alguns minutos chegamos à uma construção que devia ser a prisão. Entramos, pegamos o garoto e saímos. Hael gostaria de ajudar todo mundo, mas não queríamos arriscar nosso disfarce.

Com o novo "prisioneiro" seguimos caminho, conforme as instruções do falecido drow. Tivemos que lutar para podermos usar as escadas e algum tempo depois nos deparamos com dois demônios. Devo admitir que são criaturas fascinantes, exceto pela parte onde sempre tentam nos matar. Dessa vez eles quase conseguiram, mas graças à força de Badin, minhas magias, à fé de Liahra e à mira de Chantal conseguimos sobrepujá-los. Os outros, apesar de serem os principais responsáveis pelas nossas vidas em outras batalhas, não conseguiram causar muitos danos aos bichos.

Cansados, machucados e um pouco mais ricos, seguimos em frente. Estávamos procurando um lugar seguro para descansar, pois um demônio tinha escapado e teve tempo de avisar os outros. Então Liahra e Kas encontraram uma passagem secreta que nos trouxe à este quarto do pânico.

A comida está pronta. Espero sobreviver para escrever a próxima nota.


Nota 535 (dia X+37)

Finalmente saímos dessa MALDITA CAVERNA. Esses últimos dias decididamente me fizeram apreciar as pequenas coisas da vida: o banheiro, por exemplo. Se eu puder evitar, não entrarei em uma caverna tã cedo. O ar cheira mal, os olhos parecem que vão saltar pra fora em busca de qualquer luz e os nervos... nem vou me prolongar nisso.

Certo, lembrete para a posterioridade: Passamos quase um dia inteiro no refúgio para nos recuperarmos. Saímos de lá e andamos durante horas. No final encontramos umas aranhas-drow e tivemos muito trabalho para derrotá-las (outro motivo para não entrar em cavernas). O resto do dia nós passamos em uma sala fedida, o que foi um grande alívio para as minhas pernas.

Hoje, finalmente, encontramos um lugar bastante peculiar. Parecia que estávamos ao ar livre, mas era apenas uma ilusão bem-feita. Depois de uma minuciosa procura, encontramos a saída e seguimos por um corredor iluminado. Passamos por várias portas e várias estátuas até que ouvimos passos atrás de nós. Kas fez plantas crescerem e tacamos fogo nelas e nós saímos correndo.

Encontramos uma porta secreta, com uns mecanismos estranhos. A Chantal, o Kas e o Hael foram atingidos por diversas setas e a Chantal não aguentou o veneno que a atingiu. A maldita cavernas já nos tirou 2 companheiros.

O importante é que estamos fora. Negócio agora é descer a montanha e achar um caminho de volta para Bantur.


Nota 536 (dia X+40)

3 malditos dias descendo a montanha. TRÊS. --insira aqui a palavra "três" em comum, halfling, anão e élfico-- E depois ainda fomos emboscados por Kobolds, dá pra acreditar?

Badin queria evitar a passagem por Eriden, por causa de toda aquela história de ser da família real e tals. Por isso estávamos dando a volta na cidade pelo pântano e foi aí que encontramos os malditos lagartinhos. Graças a Deus conseguimos colocar um pouco de senso naquela cabeça e voltamos para a cidade.

Chegamos, passamos em um joalheiro para trocar nossas moedas e fomos para a taberna. Cada vez que eu provo, o porco e cerveja tem gosto melhor. Badin diz que na verdade, os porcos dos anões são muito melhor temperados (e eles são decidadamente maiores, parecem uma vaca pequena), mas eu acho que isso é influência de todo aquele tempo comendo plantas ressecadas.

Durante o almoço, descobrimos que Eriden é governada por um Regente e que ele não está fazendo um bom trabalho. Melhorou a educação e os militares, mas aumentou demais os impostos e gerou uma onda de miséria e marginalismo na cidade. Meu pai torceria o nariz para esse caos (ele torceria o nariz para quase tudo, na verdade). Badin está preocupado com a sua cidade e acho que ele vai querer ficar mais tempo por aqui.

Daqui a pouco sairei com o Kas para fazer umas compras. Quero testar uma nova idéia que eu tive.


Nota 537 (dia X+40, horas mais tarde)

Estou deitado em uma rede (um pouco desconfortavel, mas melhor do que o chão) em uma vila druida anã. Certo, PERTO de uma vila druida anã. Kas saiu para passear com um Ente e os druidas me alocaram nessa cabaninha onde uma simpática senhora que me serviu tortas maravilhosas. Agora estou aqui descansando, fazendo a digestão (tenho que conseguir a Aninha de volta) e pensando.

Badin é o herdeiro do trono por direito. Seu irmão mais velho morreu e seu pai também. O povo está descontente com o Regente. Deve haver alguns rebeldes que querem o Rei no trono. Com sorte, Badin conseguirá se tornar o Rei de Eriden.

Eu sei que a busca pelos Irmãos é importante, mas talvez seja interessante colocar Badin no trono. Ele é o melhor Anão que eu já conheci. É um grande amigo e tem bastante responsabilidade. Além disso, é quase certo que Eriden se alie a Bantur para enfrentar o exército dos irmãos e isso pode fazer a diferença se houver uma guerra.

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P.s: Escrito em Dracônico.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

De volta em casa

Cheguei a Eriden!

É estranho ver a sombra que pairou sobre meu país em tão pouco tempo que estive ausente.

Ladrões e tropas militares por todos os lados. Nada que eu vejo me lembra a antiga Eriden em que eu e Balin costumávamos correr em volta da guarita para tocar o alarme da cidade e deixar os soldados loucos. Nada de tavernas abertas até mais tarde, nada da festa do Porco e Cerveja. Agora as crianças vão da escola pra casa, não saem mais pra brincar. Nem mesmo os adultos ficam muito tempo na rua, só o necessário. Alguns poucos bêbados se aventuram nas tavernas, e foi um deles que me contou tudo o que eu sei sobre a Eriden de hoje e que agora vou lhes contar.

No poder não está meu irmão como esperava. Ele fora morto em uma batalha e agora quem governa minha amada cidade é um Regente cujo nome não me lembrei de perguntar ao bêbado, mas o que sei já me faz odiá-lo, mesmo sem saber sequer seu nome.

Ao que parece, esse tal Regente aumentou os impostos de maneira absurda, e agora os ricos sofrem para viver, e os que já não eram tão abastados agora roubam, isso quando não imploram por migalhas.

Não posso deixar o reino de Eriden assim, afinal sou o Herdeiro do trono, o Rei por direito. Mas não posso chegar de faca no peito e reivindicar a coroa. Pelo que soube, a maioria das pessoas me odeia, e não sei qual seria a reação do povo, dos sacerdotes, e, o que mais temo, dos militares. Morreria por Eriden, mas não de maneira inútil.

Agora está tarde e já estou na hospedaria, e pretendo aqui ficar até que El Kas (que provou mais uma vez ser um grande amigo ao me dar de seu melhor fumo depois de uma batalha em que a coisa ficou literalmente quente pra mim) e meu companheiro de porco e cerveja ( aliás, quando chegamos aqui ele descobriu o que é um porco de verdade), o Baco. Preciso que eles me ajudem a ficar com uma aparência diferente. Preciso chegar ao templo de Moradin sem ser reconhecido. Ao que tudo indica ainda não fui reconhecido em minha cidade, e pretendo ficar assim por mais um tempo.

Sobre o meu futuro e o de meu reino, ambos incertos. Só tenho uma certeza: Não posso deixar as coisas ficarem assim...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Diário Liahra

By: Amor da Vida

jogo do dia 15-11-10

em off: conseguimos desenhar o corredor na largura certa! xD

Kas jogou constrição e a galera saiu correndo. O som de marcha de algo desconhecido foi substituido pelo som de trote da galera.
Paramos na porta cheia de bolinhas (uma linha horizontal com 12 circulos afundáveis).
A porta tinha armadilha: longos e finos espetos de madeira.

em off: SUBIMOS PARA O LEVEL 4!!! \O// Agora somos mais fodões. Hahaha. (Ou não...)

A CHANTAL MORREU, PORRA!
A porta abriu, a armadilha arrebentou Kas, Hael, e matou Chantal. Sua capa virou pó, e Kas ateou fogo em seu corpo.
Caminhamos muito, arrastamos, com a ajuda de dois ursos que Kas conjurou, uma estátua de bronze (de três anões) que travavam a saída. Saímos para ver o Sol. Os olhos doíam!!! FREEDOM!!! \O/
Irina ganhou um passarinho de estimação. Ficamos 24h descansando. O passarinho da Irina trouxe carne pra comermos! =D
Kas enviou uma mensagem para a cidade anã (por um passarinho) dizendo que Badin está na cidade (cidade natal de Badin) com os amigos no alto da montanha e querendo ajuda pra descer. (Badin nem manja). Depois disso, Kas passa 24h meditando, fazendo sons estranhos.
Depois de descansados, Badin, Baco e Lobo tiveram os melhores desempenhos para descer a montanha, até onde o ar estivesse menos rarefeito. Hael se atrapalhou ao ajudar Kas, e foi muito emocionante ver os dois escapando da morte: quaaase caíram dum abismo!
Ao chegarmos lá embaixo, deparamo-nos com bixinhos nada amigáveis, nos encarando com cara de fome... ou dor de barriga... ou ódio... enfim, nada legal! Mas que bom que estamos descansados: vamos arrebentá-los na batalha, eles não terão nem chance!!!
YEEEAAAAAHHH!!!!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Kas e Lobo

galera, achei uma imagem show de bola.. mas o Lobo não tem óculos xD e o Kas tem orelhas um pouco mais pontudas.. rs.

Fonte: Oh-Magod

Uma voltinha no DeLorean

Fraëa estava sentada num dos galhos mais baixos e mais grossos da aveleira. Seu semblante era calmo, apesar das notícias que recebera de Kas. Distraidamente, ditava as últimas histórias para a pena mágica que escrevia em seu diário. Esta pena havia sido um presente de Emel, para que a elfa pudesse registrar todas as histórias que ela quisesse de uma forma que os outros pudessem ler e que ela pudesse consultar quando quisesse.

Uma suave brisa soprava e fazia com que uma mecha de cabelo insistente se desprendesse de seu cabelo e lhe fizesse cócegas no rosto. Ela estava bem consciente do silêncio barulhento em que se encontrava. As folhas da aveleira farfalhavam ao roçarem umas nas outras impulsionadas pelo vento. O capim baixo que crescia ao redor da imponente árvore sussurrava delicadamente e os gravetos e folhas secas estalavam no sol. Nada disso a perturbava. Por dentro, porém, seu coração estava apertado. Já fazia quase um ano desde a última vez que havia visto o Pequeno Elfo e mais de seis meses desde as últimas notícias que Kas havia lhe enviado e elas, apesar de boas notícias, não eram notícias agradáveis. Pois, por vitoriosos que eles fossem, batalhas ainda eram sangrentas e Fraëa se preocupava com a segurança dele e de seus amigos.

Fraëa acariciou o ventre, imaginando se o pequeno ser que ali se encontrava seria um pequeno elfo ou uma pequena elfa se desenvolvendo e se preparando para o mundo hostil e cruel que lhe receberia.

Uma lágrima silenciosa rolou por seu rosto e respingou no tronco da frondosa árvore. Várias outras seguiram a primeira e rolaram silenciosas árvore abaixo. De onde a primeira lágrima tocou quando caiu começou a brotar um novo galho, que cresceu com velocidade espantosa, alimentado pelas lágrimas da elfa, em direção a seu rosto. As folhas que cresceram em sua ponta formavam a silhueta de uma mão em cuja palma havia uma noz de avelã.

As folhas roçaram o rosto de Fraëa e ela riu, sentindo cócegas. Ao estender a mão para afastar o galho, sentiu a noz presa nele. Ela a colheu e prendeu o galho em outro galho próximo. Distraidamente, abriu a noz de avelã com os dentes e a comeu. Quando as lágrimas cessaram, continuou ditando histórias para a pena mágica, mas algo lhe chamou a atenção.

Agora, ela ouvia ainda mais nitidamente o arranhar da ponta da pena no grosso volume que era seu arquivo de histórias, e, voltando o rosto na direção do som, ela conseguia discernir os contornos da pena vagamente, mas não os do livro. Intrigada, ela parou de ditar e, após a pena terminar de escrever a última palavra, ela não conseguia mais dizer onde a pena estava exatamente sem tatear.

Voltando o rosto para cima, ela conseguia discernir as folhas farfalhando umas contra as outras ao vento. Quando a brisa parava por algum momento, ela deixava de percebê-las, retornando a percebê-las quando a brisa recomeçava.

Seu coração estava acelerado no peito e ela mal conseguia pensar. Começou, então, a murmurar uma melodia que a fazia lembrar-se de sua infância. Imediatamente, os contornos das coisas ao seu redor foram ficando nítidos e ela começou a enxergar, ainda que precariamente, os galhos onde estava sentada, o livro onde sua pena repousava, as folhas e avelãs ao seu redor.

Ela, então, passou a cantar mais alto, entoando uma melodia grave e agitada. As formas que estavam mais longe dela começaram a ser discerníveis e logo em breve ela estava cantando a plenos pulmões, tentando descobrir até onde ela poderia "enxergar".

Voltou, então, correndo para a vila e bateu desesperada na porta de Emel. Emel atendeu intrigada. O que seria tão urgente para tirá-la de seus estudos com tanta pressa?

Fraëa lhe disse, então

- Siga-me! Rápido!

E saiu correndo em direção à floresta. Emel gritava para ela não correr tão rápido senão ela ia tropeçar e se machucar. Fraëa nem lhe deu ouvidos e continuou correndo e rindo, correndo e cantarolando, feito uma criança.

Emel já estava esbaforida, mas estava também surpresa. O caminho até a floresta não era dos mais planos e dos menos acidentados, fazia várias curvas e tinha algumas pedras, algumas raízes de grandes árvores no caminho, e Fraëa não tinha sequer esbarrado em nenhum obstáculo. Pelo contrário, ela os saltava e evitava com a maior graciosidade.

Chegando à margem da floresta, Emel observava, incrédula, Fraëa saltitar por cima de raízes e por baixo de galhos, se abaixar bem a tempo de evitar bater a cabeça em um galho enorme e espinhoso, saltar por cima de um buraco ao mesmo tempo em que desviava de um trecho de urtiga venenosa rasteira.

Fraëa só parou quando chegou próxima à Aveleira Sagrada. Sua intenção, originalmente, era mostrar a Emel o galho que havia crescido ao seu lado, mas ela estava tão estupefata quanto a Druida.

Em baixo e ao redor da Aveleira havia um pequeno lago onde poucos minutos antes não havia nada. Outro druida que estava ali antes delas chegarem se aproximou delas e disse que viu o que aconteceu, mas que elas provavelmente não iriam acreditar.

Ansiosas e curiosas, as duas lhe disseram para deixar os preconceitos de lado e contar duma vez o que havia acontecido. Ele, então, narrou como havia chegado até ali, atraído pela bela voz de Fraëa. Ele ficou quieto, observando a elfa sussurrar uma canção muito bela, enquanto suas lágrimas escorriam pelo tronco e se acumulavam no chão, na base da árvore. Ele viu quando Fraëa saiu correndo de volta para a cidade e, mais do que isso, viu a poça de lágrimas se espalhar e ir aumentando cada vez mais, até atingir o presente tamanho.

As duas estavam assombradas com a história do elfo, mas Fraëa estava ainda mais. Emel se aproximou do lago e notou que ele era relativamente raso. Um espelho d'água. Ela entoou alguns cânticos e disse, surpresa:

- A água é pura.

Ela então agradeceu a Corellon e a Obad-Hai pela bênção e passou levemente os dedos pela superfície da água, fazendo com que pequenas rugas se formassem nela. Nisso, ela entrou em transe e ficou um longo tempo tangendo a água com os dedos. Quando ela saiu do transe, ela se virou e disse a Fraëa:

- É um menino e se parece muito com você, embora tenha os olhos do pai. E Kas volta em uma semana. Alegre-se.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

BG Liahra.

Segundo um e-mail da Bah:

Agora que eu lembrei que eu nunca escrevi a história da Liahra!
Desculpa gente, aí vai:

Quando Liahra ainda era um bebê, sua floresta foi destruida, e todos morreram, exceto ela. Alguém que passava pelos destroços do que um dia havia sido uma aldeia élfica ouviu o bebê chorando, e o deixou na porta do templo de Corellon, que se situava nas proximidades.
Liahra cresceu no templo e se formou uma clériga. Entretanto, nunca compreendeu a exclusão da sociedade. Ficar trancada num templo, orando pelo mundo, não o faria melhorar. Liahra então resolveu se atirar no tal lugar cheio de problemos, iniquidades e guerras, para lutar, e fazer o bem, em nome de Corellon.
Sempre ouvira dizer que os lugares mais cheios de problemas, iniquidades e guerras eram as tavernas, então entrou na primeira que encontrou: O Copo Sujo. Após alguns minutos lá dentro, conheceu muitas pessoas interessantes e boas, muito mais felizes, altruístas e humildes do que muitos dos sacerdotes hipócritas, reclusos e arrogantes com quem conviveu por toda sua vida. Ficou deslumbrada ao ver como o mundo funcionava bem, com as pessoas interagindo, e como era bonito, feliz e divertido, e fez grandes amigos.

Agora ela tá numa viagem ca galera pra matá uns maluco que chegaram aloprando ae e dexaram geral atordoada na taverna. Bem loco!
xD

Beijos, amo vcs!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Solo, Versus and Free-for-All! (BG Hael)

Hael era um verdadeiro "playboy", como diriam. Filho de um general de Bantur, chefe da guarda.
Sua mãe, professora de flauta da academia de Bantur, elegante e educada.

Sua infância foi à base de mimos, aulas, e festas, as quais não se sentia muito confortável devido ao seu físico "avantajado", por assim dizer...

Com 10 anos, seu pai insistiu em colocá-lo na academia militar de Bantur, para "perder os músculos abdominais". Não gostou da idéia, mas adotou o estilo do pai. Aulas de esgrima, tática, ética em batalha, filosofia... Como esperado pelo pai, atingiu o topo de sua classe em pouco tempo, sendo elogiado pelos professores, colegas, e todos à sua volta.

Durante uma das suas aulas de esgrima, foi atingido na cabeça por seu adversário, caindo inconsciente e sendo levado para a enfermaria. Lá, em meio aos tratamentos, um clérigo foi convocado para prestar atendimento, já que o garoto não acordava, independente das infusões, ervas, mandingas e trubiscos aplicados nos seus ferimentos. Chegando em frente ao garoto, o clérigo rezou, pediu e tentou, mas sua mágica não surtiu efeito algum no garoto. Então, deixaram-no "descansar", já que não conseguiram fazê-lo acordar, e seu ferimento parecia ter estancado.

Após a pancada inesperada, tudo tinha ficado preto, e Hael tinha acordado nu em uma sala com archotes acesos em volta, mas sem portas, janelas, ou algo discernível além das pedras no chão, paredes e teto. Em meio ao seu desespero, uma voz masculina forte e imponente diz: "Para sair dessa sala, você deve batalhar consigo mesmo, seus medos e angústias, e sair vitorioso. Sua força é apenas sua para usar, mas para fazê-lo, não pode ser por você. Hael, desesperado, começou a procurar saídas, alavancas, portas secretas, como aquelas dos contos os quais ouvia dos bardos que visitavam sua casa. Sem conseguir encontrar nada, desistiu.

Olhou, e estava em uma arena. Estava com calças, botas, e braceletes de couro. Do outro lado da arena, um homem com sua estatura, armadura de cota de malha, elmo, carregando uma espada longa e um escudo, corria em sua direção. Ouvindo gritos da platéia, mas olhando para a mesma, não via as pessoas, só sombras semi-transparentes. "Estou morto, e essa é minha punição por algo que não lembro de ter feito. Pois que seja, o enfrentarei, o vencerei, pois sou o melhor de todas minhas aulas! Da minha academia!!!" e correu em direção ao homem de armadura, desarmado, semi-nu, e sem estratégia alguma para mantê-lo vivo, acreditando estar morto. Aos primeiros golpes, Hael conseguiu desviar da espada e do escudo do homem, mas após o que pareceram horas de combate, sem conseguir encontrar uma brecha para atacar, e só conseguindo esquivar-se dos golpes, Hael começou a duvidar de si mesmo, e por fim, sentiu o aço da espada gelar-lhe o ventre, quando a estocada do desconhecido atravessou-lhe a barriga. Ao sentir o aço esquentando em seu ventre, e a lâmina sendo puxada para outra estocada, a voz de antes, forte e imponente toma um corpo, e diz "...você deve batalhar consigo mesmo, seus medos e angústias, e sair vitorioso. Sua força é apenas sua para usar, mas para fazê-lo, não pode ser por você. Derrote seus medos, e acorde."

O cenário muda, campo de batalha, centenas, milhares de corpos mortos, armadura pesada de batalha branca, espada larga embainhada nas costas, e um oponente do outro lado do campo. Sem pensar, Hael empunha a espada, toma posição, e grita sem saber o motivo, pois veio à cabeça: "Pela forçaaa!!!". E corre como nunca correu antes, sentindo os músculos das pernas estirarem sob o peso da armadura, os músculos dos braços quase se rompendo quando sua espada se choca contra o escudo do adversário em armadura negra reluzente... Após a batalha, os corpos mortos se levantam, empunham suas armas e uma batalha sem precedentes começa para Hael. O que pareciam segundos poderiam ser horas, dias, meses ou anos, mas ele não se importa. O que o marcava eram as palavras ditas em sua mente e, por isso, lutava.

Na enfermaria seu pai e sua mãe, junto dos melhores curandeiros, mandingueiros e médicos que o dinheiro poderia comprar, estavam abismados com coisas que não deveriam acontecer. Enquanto Hael resmungava e se debatia amarrado na cama, cicatrizes apareciam em seu peito, braços, pernas e rosto, como se tivesse lutado por anos a fio, mais anos do que sua idade, com uma gota de sangue saindo de cada cicatriz nova que aparecia. Clérigos e magos presentes não conseguiam sequer explicar o que acontecia ao garoto. A única coisa dita que veio a fazer algum sentido na hora foi uma velha curandeira, hoje falecida, que falou: "Isso é um teste dos Deuses, devemos ter fé, e rezar para que ele passe...". Mas como bons céticos, os magos ignoraram a idosa. Os clérigos estavam frenéticos em seus encantamentos, preces e rezas para que o garoto acordasse, mas sem efeito nenhum.

Após a desistência de todos, seus pais deixaram a enfermaria da academia, e voltavam todos os dias, só para encontrar mais cicatrizes no filho, enquanto as enfermeiras molhavam panos e limpavam o sangue que começou a cair após o sétimo dia de "sono", uma gota de cada cicatriz. Após um mês, o garoto sentou na cama, gritou, colocou as mãos na barriga, como se tivesse
levado um golpe no estômago, e caiu em um sono mais profundo ainda.

Hael olhava para os lados e o número de inimigos que tinha derrotado tinha passado seus sonhos mais violentos. Ele
perdeu a conta na casa dos quarenta, cinquenta... mas pelo que via, o número de corpos despedaçados passava da casa das centenas,
enquanto a sombra da voz poderosa observava de cima. Quando o último foi derrubado, a sombra desceu na frente de Hael, que a atacou em vão, desistindo após ver que seus golpes ricocheteavam em alguma força. Ele então ouviu a sombra dizer: "Parabéns. Seus medos foram derrotados, um a um, cada um com seu custo em sangue pago. Agora, descanse. Após seu descanso, você começará sua nova vida. Meu nome é Kord. Não esqueça das provações passadas aqui, pois todas foram para algo maior.". E então, a sombra tomou forma como um homem grande, em armadura, com uma espada larga na cintura. Acenou para Hael, o qual devolveu o aceno com uma reverência, sem conseguir pronunciar palavra alguma, e o homem sumiu.

Seis anos depois, tratamentos, magias, ervas e trubiscos ainda não surtiam efeito, mas o sangue não caía mais de suas cicatrizes.
Hael tinha mudado. Ele tinha perdido seus "músculos abdominais" (segundo o pai), seu tom de pele tinha se abrandado, ficado mais claro, mais pálido. Cabelos cresceram, barba cresceu, mas foi aparada. As enfermeiras cuidavam dia e noite do garoto, que agora era um homem em sono eterno. Um dia, uma enfermeira encontrou Hael sentado na cama, olhando envolta, como se estivesse curioso, e o garoto pergunta: "Aonde estou?". A enfermeira correu como nunca correu em sua vida gritando "Hael acordou! O garoto adormecido acordou!!!". A balbúrdia que se seguiu foi algo digno de debandadas de guerra após uma derrota. Todas as enfermeiras, magos e clérigos foram ver, e seus pais, que estavam chegando, se perguntaram, aflitos, o que poderia ter acontecido para que todos corressem. Uma enfermeira a qual foi bruscamente interrompida em sua corrida disse "O garoto acordou!" e o pai e a mãe de Hael, incrédulos, correram com todos para o quarto onde Hael estava hospedado.

Após muitos exames, muitas opiniões, e muito choro por parte dos pais de Hael, o garoto foi liberado e o pai disse: "Descanse meu filho, você precisa. Semana que vem você retorna para a academia, para a alegria de seus colegas."

"Não pretendo voltar para a academia, Pai. Tive um sonho e vou seguir o que foi-me dito por Kord e correr em direção ao meu destino." Hael estava mudado, física e mentalmente. O pai que antes daria uma bronca filosófica e militar sobre o destino do filho, viu em seus olhos que não havia mentira no que ele disse e que, se fosse verdade e Kord realmente o tivesse "salvo", ele estaria bem aonde quer que estivesse.

Após chegar em casa, a festa de retorno milagroso, e a Partida para o Destino, Hael se encontrou com um amigo de seu Pai em um templo de Kord, pedindo ajuda divina para encontrar seu filho que havia sumido há mais de dez dias. O homem era Manden Doritz, amigo de seu velho pai, e Hael se ofereceu para encontrar o garoto. Manden ficou felicíssimo e prometeu uma enorme gratificação ao templo se seu filho fosse encontrado.

Antes dessa busca, Hael participou de escoltas de banqueiros, batalhas para recuperar vilas contra goblins, kobolds, orcs... Ganhando renome foi recrutado para escoltas de nobres, duques, condes, e mercadores inimaginavelmente ricos de outras regiões e acabou ganhando o sobrenome "Battlecrown, a Coroa da Batalha", devido à forma digna, imponente e perseverança que demonstrava toda vez que empunhava sua espada e sempre que o nome de Kord estava envolvido, seja a pedido do templo ou particulares.

Hoje, 19 anos, homem formado, cabeça forte e resoluta, Hael se encontra em uma caverna com Arthur Doritz, filho de Manden, amigo do pai. Mas ele não está só, ele tem colegas de batalha que são uma família no escuro de uma caverna...
Mas essa fica para a próxima...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cegueira

-Bom dia, queridas crianças... – Saudou Fraëa.

- Já lhes contei como fiquei cega? Pois então, larguem seus instrumentos, hoje a aula será diferente... – E os olhos dos pequenos elfos brilharam de excitação - Muitos de vocês conhecem os Druidas de nossa vila, alguns são até filhos deles, não é mesmo? Pois bem, assim foi comigo também, quando tinha vossa idade...

- Quando eu era apenas uma criança tola, com meus 25, anos de idade, minha tia Emel... Calma crianças, ouçam com atenção. – interrompeu-se Fraëa - Como eu dizia, quando era apenas uma criança, tia Emel sempre dizia, “fique longe das coisas dos Druidas, Druidas não são tão brincalhões como os bardos, que tanto adora, respeite-os, e eles a respeitarão!”

- O que houve? – Perguntam as crianças, levantando-se de excitação.

- Com calma chego lá, sentem-se... Nesta época, eu costumava ouvir AhDul, o Afiado, como vocês o fazem, hoje aqui comigo. – Falou, e as crianças olharam com cara de espanto, AhDul fora o mais encrenqueiro e desbocado Bardo que a vila já vira, até encontrar seu fim, na espada de um taverneiro qualquer - Naquela época nós crianças não tínhamos lições sobre todos os assuntos, escolhíamos um, e o seguíamos. Tia Emel ficou desapontada quando escolhi ser Barda, mas não me criticou, e até disse que tinha uma linda voz.

- Eu tinha também outros tutores, mas me afeiçoara a AhDul. AhDul costumava nos incentivar a fazer o que os outros nos proibiam, dizia-nos que o mundo era dos curiosos. Se soubesse as conseqüências da curiosidade irresponsável, não viveria no escuro.

- Oh! – chocaram-se as crianças.

- Em alguns anos, aprendi a contar histórias e também a cantar, enquanto tocava esta harpa. – E uma harpa de prata surgiu em sua mão esquerda – Nesta época, os anciões acharam por bem que nós, jovens, aprendêssemos também um pouco das outras artes. Nem todos gostaram da idéia, os Druidas são muito fechados, e não gostam de dividir seus segredos. Ensinaram-nos o básico, como sentir o cheiro do vento e prever a chegada da chuva, a cuidar de amigos feridos, até que os curandeiros chegassem, e também como é importante cuidar da floresta e dos seres que nela habitam. Nunca nos ensinavam, porém, coisas mais complexas, ou deixavam que nos aproximássemos da Clareira do Druida.

- Eu gostava das aulas com os Magos, mas eram muito metódicos, preferia os Feiticeiros, que deixavam a vida fluir de modo mais natural. Tive também aulas de Arquearia, que me deixaram em dúvida se queria mesmo cantar e contar, para todo o sempre... Com as espadas nunca me dei bem, mas o básico me foi ensinado. Aprendíamos também com os artesãos, que nos ensinaram a beleza que as coisas podiam ter, com os Clérigos aprendemos sobre os deuses, e a criação das raças e do universo... Ouvíamos, também, histórias sobre outras profissões, umas mais belas, como os Nobres Paladinos que costumavam residir em Bantur, e outras um pouco menos nobres...

- Sempre gostei de aprender, acho que é por isto que gosto de ensinar... Mas, para todos os bons conselhos, sempre tinham as contrapartidas de AhDul. Ele era um Mestre dos contos, não cantava muito bem, mas contava como ninguém. Sempre nos contava histórias fantásticas sobre ladrões, que roubavam, aos poucos, todo o tesouro de Enormes Dragões... Infelizmente, só depois que fiquei cega, é que perguntei a ele o que acontecia depois que eles roubavam o tesouro. Não gostaria de ter o destino deles...

- OH! – Gritaram as crianças.

- FRAËA, VOCÊ AINDA NÃO NOS CONTOU COMO FICOU CEGA! – Gritaram algumas.

- Ora, não sejam apressadas, crianças! – Ralhou a Tutora – Falta pouco, já chego lá...

- Tia Emel já era, naquela época, a Curandeira mais experiente da vila. Eu conhecia alguns outros Druidas, e conhecia o suficiente de seus hábitos, para saber que alguns se dedicavam a cura, alguns aos seus animais, enquanto outros gostavam de virar animais, ou ainda canalizar a magia da terra e alterar a verdade a sua volta.

- Emel é a mais complacente Druida que conheci, deixava seus livros e pertences guardados, mas nunca me impediu de vê-los, tocá-los ou até lê-los. Só existia UM livro que nunca me deixou encostar, disse-me que nele existiam Runas, e que sempre que as visse, deixasse de lado a curiosidade. Seguindo os ensinamentos de AhDul, achava minha tia uma tola. Buscava de todas as formas possíveis descobrir o que significava e, um dia, descobri o significado de uma combinação de Runas.

- Tudo bem, Fräea? – perguntaram as crianças mais atentas. Fraëa havia suspirado, e controlado o choro.

- O que diziam as Runas? – perguntaram as outras crianças.

- Tudo bem, queridos, já devia ter me acostumado com meu passado. – um momento de pausa, e prosseguiu – As Runas diziam “Brilho do Sol, Cegue o Inimigo” – A voz da Elfa era triste, e cheia de emoção e arrependimento, quando duas lagrimas rolaram por seu rosto. – E então as Runas Brilharam, e o mundo escureceu. Acordei quatro dias depois, com uma venda nos olhos, e Emel ao meu lado. Estava aflita, e pedi que Emel retirasse a venda de meus olhos, não agüentava mais a escuridão. Percebi que Emel chorava, e me pedia desculpas por ser tão descuidada. Pelos sons descobri que haviam outros no quarto, ou onde quer que eu estivesse. Reconheci algumas vozes, eram os Druidas, eu devia estar na Clareira do Druida. Parei e ouvi, como faria para sempre, daquele momento em diante.

- Alguns diziam: “Como pode deixar o Livro de Runas descuidado, Emel? Crianças não deveriam chegar perto dele! A menina está cega, e nem mesmo você pode curá-la” – Enquanto outros diziam: “Não se preocupe, Emel, acharemos uma cura, a culpa não é sua, a menina sabia que não deveria ler as Runas!”

- Emel se Culpava pelo que havia acontecido, e disse que eu poderia ter morrido. Disse até que não era digna de ser uma curandeira, se expunha a própria família a riscos como este. Percebi o estrago que fiz, e tentei remediar as coisas, disse a ela que a culpa era minha, que as aulas de AhDul me deixaram curiosa. Neste momento, lembro-me do silêncio que se formou na Clareira. A muito os Druidas tinham motivos para não gostar de AhDul, mas agora seus conselhos mal-dados tinham deixado uma criança cega e destruído a honra da Ordem.

- A culpada fui eu, mas os Druidas não viam desta forma. Tentaram expulsar AhDul da vila. Os anciões não permitiram que tal fosse o destino do Bardo. Apenas proibiram-no de ensinar. Era um Bardo, impedido de contar. E como tal, decidiu por si só abandonar a vila. Muitos anos depois, um viajante contou que AhDul fora morto, numa taverna, onde se engraçou com a esposa do taverneiro.

-Alguns dias depois do despertar escuro, eu já estava bem, Emel retirou a venda de meus olhos. Disse que estavam perfeitos (ainda que tivessem mudado de cor. Antes eram verdes, agora tinham um tom de castanho esverdeado, como folhas prestes a cair, no outono), que não haviam deformações. Ao mesmo tempo fiquei aliviada e horrorizada. Se não havia nada de errado, por que não enxergava? Muito tempo se passou, sem que eu tivesse sequer vontade de ouvir, quanto mais de contar. Com o tempo reaprendi a viver e meus ouvidos passaram a ser meus olhos. Voltei a cantar e contar, e por vezes conto esta história, quando acho que abrirá os olhos de alguns.

- Os Druidas até hoje não encontraram uma cura para mim. Mas aprendi uma lição, e vocês sabem qual é?

- Que os druidas são perigosos? – respondeu uma criança, amedrontada.

- Que não deve mexer no que não lhe pertence? – tentou outra.

- A respeitar o que os mais velhos dizem, mesmo que não entendamos? – perguntou outra, com um tom pomposo.

- A não ler coisas em línguas estranhas? – e outras sugestões foram dadas.

- Não – Disse Fraëa, apesar de ter gostado de algumas das respostas – Não, meus queridos, aprendi que o mundo não é dos curiosos, o mundo é dos Sábios. Sejam curiosos, mas sejam sábios e distingam quando a curiosidade é apenas uma vontade, e quando ela é necessária.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Banner

Se alguém aí tiver o mesmo problema que eu com o banner (fundo preto) sugiro:

domingo, 17 de outubro de 2010

Fraëa, a Barda

Certo dia há uns sessenta e poucos anos, minha tia Emel, conhecida como A Curandeira, voltou de suas andanças contando sobre um pobre casal halfling que não podia ter filhos. Ele, um adepto do templo de Yondalla, ela uma artesã de família nobre, algo neles a fez crer que seu filho seria, de certa forma, predestinado. Contou-me que sua história era sofrida e que resolveu ajudá-los. Ela sabia que se continuassem na cidade, vivendo preocupados em busca do filho, nunca teriam condições de conceber, portanto, calculou quanto valia as posses do casal, e disse a eles que a cura para o seu mal lhes custaria uma moeda de ouro.

Desesperados como estavam, o casal abriu mão de tudo o que tinham, porém, seus motivos não eram nobres, visavam adquirir o patrimônio da família dela. Emel entregou-lhes uma poção, que realmente seria capaz de curar qualquer motivo físico para que Garim não concebesse. Contudo, enquanto não tivessem na vida motivos nobres, Emel sabia que o Pai da Vida não lhes concederia o filho. Muitos anos se passaram, minha tia mantinha um olho junto aos dois, sempre que possível, e demorou alguns anos para acreditar que seus motivos pouco nobres alimentassem uma gestação.

Anos depois, parece que descobriram que ter um filho para ganhar dinheiro era mesquinho, e também que não precisavam disto para ser felizes. Ele curava as pessoas, ela fazia sua arte, ambos encontraram a felicidade em seus trabalhos, e descobriram um belo amor.

Mais ou menos nesta época, Emel decidiu que poderia dar aos pequenos a sua localização. Não teria sido difícil para eles encontrá-la, mas buscavam no local errado, eram meio tolos.

Conheci-os há cerca de 20 anos, eram um belo casal (não no sentido estético, pois não saberia dizer), percebi por suas vozes que eram boas pessoas. Chegaram no outono, e Emel passou um de seus maiores períodos distante da Vila. Fiquei preocupada, mas não havia muito que eu, uma elfa cega pudesse fazer. Durante este período, percebi que o casal estava muito feliz, e foram muito bem recebidos por meu povo. Lhes fizeram uma casa, e depois de quase um ano, no final do outono seguinte, nasceu Kas.

Infelizmente a sorte de Garim e Nom não foi das mais belas, ela não chegou a amamentar, e ele entrou em um estado de tristeza tão profundo, que sequer aproveitou os dois anos em que conviveu com o filho.

Emel, que chegou a tempo de salvar Kas, e dar a Garim um enterro digno, sabia de seu dever para com aquela criança, e decidiu criá-lo como filho. A principio era estranho ter um primo que se desenvolvia tão rápido. Nós elfos viramos adultos aos 110 anos e, aparentemente, aos 17 ele já era um homem feito. Todos diziam que seu porte e sua aparência lembravam os de um elfo, mas isso nunca saberei.

Durante a criação de Kas, em muitos momentos me senti preterida. Minha tia dizia que ele tinha talento, que seria um grande curandeiro. Ela dizia que eu não era muito sábia, por não saber valorar os dons do pequeno (que, dizem, é bem alto para sua raça). Nos tornamos amigos e, por volta de seus 17 anos, nos tornamos mais que isto. Nesta época, incentivado por Emel, ele embrenhou-se no mato, e fez por lá o Ritual da Conexão, não sei explicar exatamente o que é, mas dizem que após beber o chá, os deuses lhe mostram verdades.

Quando retornou, passou a me tratar de forma diferente, era mais meigo e doce do que antes costumara ser. Passou a despender mais tempo ouvindo minhas músicas e poemas. Disse que ficava fascinado com a forma como eu contava uma história, mas acho que era apenas uma forma de me ver sorrir. Dizia que meu sorriso iluminava o dia (estranho, pois todos me diziam que era o olhar dele que o fazia, diziam que tinha olhos e cabelos de sol, assim como me disseram que meus cabelos eram da cor da avelã, e meus olhos da cor das folhas de outono, antes de caírem).

Após o ritual, ele se tornou mais próximo, e ao mesmo tempo mais independente. Dizem que tem a ver com a tatuagem do rosto de Obad-Hai que apareceu em suas costas. Começou a fazer suas viagens para Bantur, e a passar cada vez mais tempo por lá, mas sem nunca passar mais de um mês sem me visitar. O que me tranquilizava era Lobo, que está sempre com ele.

O que me preocupa, é que há mais de um mês ele se foi, com seus novos companheiros de Bantur, atrás dos estranhos rastros que vinham sendo deixados na floresta. Emel me proibiu de sair da vila. Não fosse o escuro em que vivo, me sentiria humilhada, por ser mandada ficar em casa, aos 113 anos de idade.

Pergunto-me se meu pequeno está bem, mas não há nada que possa fazer. Meu coração se aperta a cada pensamento, e minhas músicas e poemas estão cada vez mais tristes e angustiados. Espero ter noticias em breve.