quarta-feira, 13 de outubro de 2010

El Kas, a Avelã, a Lua e o Livro.

Antes do que passo a narrar, lembro apenas de sentar ao pé do fogo, no escuro dormitório subterrâneo. Movido pelos instintos habituais, preparei quase sem perceber a combinação de ervas do tão conhecido chá que responde à todas as perguntas, mesmo que para elas não se tenham feito perguntas. Desculpem-me se a qualquer momento parecer ou for confuso, mas é dificil transformar o mundo de lá em palavras.

No momento seguinte, me vi andando por mais um daqueles odiados corredores escuros. Estranhamente Lobo caminhava ao meu lado, e não embaixo de mim como é nosso costume, e estávamos um pouco mais atrás de nosso recente grupo de amigos. Éramos ao todo 8, meu inconsciente me mostrou que faltava o Halfling que salvamos, mas estranhamente não dei importância ao fato, e segui com o grupo. Não se via, junto ao grupo ou longe dele, a existência de nenhuma luz, mas todos enxergávamos como se estivéssemos andando numa noite de luar.

Lembro-me bem. Chantal foi a primeira. Ouvimos uma música, que me é familiar, mas na hora não recordei e, de forma estranha, Chantal saiu em disparada pelo túnel como se tivesse avistado a saída. Não fosse o hábito, talvez me espantasse pela falta de reação do grupo. Seguindo em frente percebemos que Chantal não estava em parte alguma mas, afinal, eu já estava habituado aos efeitos da Conexão, e sabia que nada de mal lhe tinha acontecido. Um a um meus companheiros se foram, incluindo Lobo, meu fiel amigo, que foi o próximo, acompanhado de Irina. Ouvimos outra música, que me lembrou o Pai da Vida e, no momento seguinte, os dois correram como Chantal havia feito. Outras músicas tocaram e Badin, Liara, Hael e Baco também se foram, um a um.

Continuei a caminhar, pelo tempo de onde não há tempo, e então eu ouvi a música e vi a luz. Desta luz, surgiu um raio, ou uma flecha, não sei dizer ao certo, vindo em minha direção. Sei que ocorreu num piscar de olhos, mas vi o trajeto e concluí que acabaria em meu peito, aonde agora eu tinha uma Lua, da qual me recordava vagamente. Milésimos, ou horas (desculpe-me, não há como precisar o tempo, quando se está no Mundo dos Dias), se passaram, e a flecha tocou meu peito, acertou em cheio uma avelã, presa em um colar de tranças roxas, exatamente acima da Lua. A avelã se abriu e deixou que dela caísse sua semente. Ao tocar o chão, o tremor de terra foi tão grande que me lembro de ter ficado estarrecido. Antes de cair me joguei ao chão, e estranhei quando caí em galhos de uma alta aveleira, e não no frio chão anão. De onde estava, através dos galhos, via apenas a lua que momentos antes estivera em meu peito. Nunca fui bom em escaladas, e no momento em que pensei nisso, avistei uma corda dourada, mais bonita que toda corda élfica que já vi. Havia um problema, nesta corda não haviam nós, também não haviam ranhuras, emendas nem nada que chamasse atenção aos meus olhos apressados, e me auxiliassem na descida.

Respirei fundo, segurei a corda e desci, com uma força surpreendente que eu sabia não possuir. Na descida reparei que a aveleira tinha escamas de mithrill, que cresciam sobre si como trepadeiras e, ao tocar o chão, senti meus pés molhados. Olhei então e notei que a aveleira nascia de um espelho, um espelho d’água. Sentia-me em uma sala fechada, mas o horizonte me parecia infinito, olhei então para a lua, que pingou seu brilho n’água e me mostrou, que a poucos metros, ou centímetros, existia um vale submerso que continha em seu centro uma fonte de luz.

Caminhei até lá, e me vi em cima da luz, como se um chão invisível nos separasse. Abaixei e da água bebi, e em mim a Lua pingou. Quando reparei, sem qualquer tremor, som ou outra demonstração, me vi dentro do vale, diante de um pedestal, que continha um livro e uma pena equilibrada em pé sobre ele. Tentei pegar a pena que virou uma mão e folheou o livro. Existiam tantas coisas nele escritas que precisaria de algumas vidas élficas para contar. Ao final das páginas, olho em volta e vejo o espelho. Não me vejo mais como era, sou um Elfo, e carrego em uma das mãos um cantil e, na outra, a pena que havia visto. Encho o cantil e guardo-o com carinho, junto com a pena, e caminho em direção à aveleira. Sento-me aos seus pés, e recolho do chão uma de suas escamas prateadas. Lembro-me da avelã que me salvou no corredor, olho para baixo e vejo-a pendendo sob o colar roxo e sobre a Lua em meu peito, olho para cima e percebo que voltei ao corredor, e estou ao lado de meus companheiros, como se anos, ou apenas minutos, de caminhada tivessem se passado.

Ao acordar achei engraçado como o grupo me olhava, e só então percebi a luminosidade prateada que emanava da Lua de Corelon em meu peito, iluminando com seu brilho prateado a lareira a minha frente eclipsando o fogo que nela existia. Olhei para trás e percebi como vinhas desenroscavam-se, do rosto de Obad-Hai às minhas costas, por meus braços e faziam crescer plantas por todo o quarto, na rocha pura e fria da tão conhecida e mal-quista masmorra.

3 comentários:

Lari disse...

Que bonito Ig!! Gostei bastante! =D

Aconteceu no jogo? Tá relacionado a alguma coisa no jogo? Depois me conte!

@iGs__ disse...

hauHAUhau essa foi a primeira 'noite', após o encontro naquela sala das músicas.. cada música que cada um ouviu tem a ver com um Deus relevante.. a chantal, como é humana, mas não é devota de nenhum dos Deuses que a sala mostra, ouviu a música de Pelor, Irina e Lobo ouviram o chamado de Obad-Hai, Badin escutou a música de Moradin, enquanto Corelon chamou Liara, Cord se mostrou a Hael e Baco encontrou Boccob. =]

PluckTheDuck disse...

MUITO bom!