domingo, 17 de outubro de 2010

Fraëa, a Barda

Certo dia há uns sessenta e poucos anos, minha tia Emel, conhecida como A Curandeira, voltou de suas andanças contando sobre um pobre casal halfling que não podia ter filhos. Ele, um adepto do templo de Yondalla, ela uma artesã de família nobre, algo neles a fez crer que seu filho seria, de certa forma, predestinado. Contou-me que sua história era sofrida e que resolveu ajudá-los. Ela sabia que se continuassem na cidade, vivendo preocupados em busca do filho, nunca teriam condições de conceber, portanto, calculou quanto valia as posses do casal, e disse a eles que a cura para o seu mal lhes custaria uma moeda de ouro.

Desesperados como estavam, o casal abriu mão de tudo o que tinham, porém, seus motivos não eram nobres, visavam adquirir o patrimônio da família dela. Emel entregou-lhes uma poção, que realmente seria capaz de curar qualquer motivo físico para que Garim não concebesse. Contudo, enquanto não tivessem na vida motivos nobres, Emel sabia que o Pai da Vida não lhes concederia o filho. Muitos anos se passaram, minha tia mantinha um olho junto aos dois, sempre que possível, e demorou alguns anos para acreditar que seus motivos pouco nobres alimentassem uma gestação.

Anos depois, parece que descobriram que ter um filho para ganhar dinheiro era mesquinho, e também que não precisavam disto para ser felizes. Ele curava as pessoas, ela fazia sua arte, ambos encontraram a felicidade em seus trabalhos, e descobriram um belo amor.

Mais ou menos nesta época, Emel decidiu que poderia dar aos pequenos a sua localização. Não teria sido difícil para eles encontrá-la, mas buscavam no local errado, eram meio tolos.

Conheci-os há cerca de 20 anos, eram um belo casal (não no sentido estético, pois não saberia dizer), percebi por suas vozes que eram boas pessoas. Chegaram no outono, e Emel passou um de seus maiores períodos distante da Vila. Fiquei preocupada, mas não havia muito que eu, uma elfa cega pudesse fazer. Durante este período, percebi que o casal estava muito feliz, e foram muito bem recebidos por meu povo. Lhes fizeram uma casa, e depois de quase um ano, no final do outono seguinte, nasceu Kas.

Infelizmente a sorte de Garim e Nom não foi das mais belas, ela não chegou a amamentar, e ele entrou em um estado de tristeza tão profundo, que sequer aproveitou os dois anos em que conviveu com o filho.

Emel, que chegou a tempo de salvar Kas, e dar a Garim um enterro digno, sabia de seu dever para com aquela criança, e decidiu criá-lo como filho. A principio era estranho ter um primo que se desenvolvia tão rápido. Nós elfos viramos adultos aos 110 anos e, aparentemente, aos 17 ele já era um homem feito. Todos diziam que seu porte e sua aparência lembravam os de um elfo, mas isso nunca saberei.

Durante a criação de Kas, em muitos momentos me senti preterida. Minha tia dizia que ele tinha talento, que seria um grande curandeiro. Ela dizia que eu não era muito sábia, por não saber valorar os dons do pequeno (que, dizem, é bem alto para sua raça). Nos tornamos amigos e, por volta de seus 17 anos, nos tornamos mais que isto. Nesta época, incentivado por Emel, ele embrenhou-se no mato, e fez por lá o Ritual da Conexão, não sei explicar exatamente o que é, mas dizem que após beber o chá, os deuses lhe mostram verdades.

Quando retornou, passou a me tratar de forma diferente, era mais meigo e doce do que antes costumara ser. Passou a despender mais tempo ouvindo minhas músicas e poemas. Disse que ficava fascinado com a forma como eu contava uma história, mas acho que era apenas uma forma de me ver sorrir. Dizia que meu sorriso iluminava o dia (estranho, pois todos me diziam que era o olhar dele que o fazia, diziam que tinha olhos e cabelos de sol, assim como me disseram que meus cabelos eram da cor da avelã, e meus olhos da cor das folhas de outono, antes de caírem).

Após o ritual, ele se tornou mais próximo, e ao mesmo tempo mais independente. Dizem que tem a ver com a tatuagem do rosto de Obad-Hai que apareceu em suas costas. Começou a fazer suas viagens para Bantur, e a passar cada vez mais tempo por lá, mas sem nunca passar mais de um mês sem me visitar. O que me tranquilizava era Lobo, que está sempre com ele.

O que me preocupa, é que há mais de um mês ele se foi, com seus novos companheiros de Bantur, atrás dos estranhos rastros que vinham sendo deixados na floresta. Emel me proibiu de sair da vila. Não fosse o escuro em que vivo, me sentiria humilhada, por ser mandada ficar em casa, aos 113 anos de idade.

Pergunto-me se meu pequeno está bem, mas não há nada que possa fazer. Meu coração se aperta a cada pensamento, e minhas músicas e poemas estão cada vez mais tristes e angustiados. Espero ter noticias em breve.

6 comentários:

PluckTheDuck disse...

Sacanagem o nome dela, hein? UAHEUAHEUAHEUHAUEHAUE



mas gostei mesmo =D

@iGs__ disse...

pq sacanagem o nome? se estiver falando de "feia" a sonoridade é bem diferente.. rs..
na falta de outra pessoa, ela pode ser a "contadora de histórias" do grupo.. só preciso mandar uma msg pra ela em um momento ou outro.. rs..

PluckTheDuck disse...

É que Féa parece Feia de qualquer jeito xD Mas eu adorei a idéia da contadora de histórias.

Com o diário do baco e a contadora de histórias, já está garantido que no futuro as pessoas possam saber de nossas histórias xD

@iGs__ disse...

ok, me convenceu.. Fraëa, então ;)

PluckTheDuck disse...

auheuaheuaheuhauheuahe xD

Unknown disse...

HAUHAuU! Nasce uma barda!
Boa história! Gostei conte mais barda!