segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Uma Jornada no Escuro*

Os acontecimentos da última sessão.

Badin era o único que conseguia enxergar através da escuridão, e a visão não era nada animadora: eles estavam cercados por um grupo de drows e druergar, guerreiros e feiticeiros, em franca desvantagem numérica. O resto dos aventureiros só conseguiu ver o desafio que os esperava depois que Baco iluminou a caverna. O combate foi árduo, e logo no início, Chantal e Liahra foram deixadas desacordadas, Badin foi vítima de um feitiço que o reduziu à metade do tamanho e Baco foi adormecido, o que apagou a luz que ele havia conjurado e obrigou seus amigos a lutarem às cegas. Com esforço e às custas do próprio sangue e suor, o grupo reverteu a desvantagem e venceu a disputa – não sem sofrer uma dura perda: a morte de Adron.

Kas cuidou do corpo e os outros, cansados, decidiram que precisavam sair da caverna e buscar um caminho de volta para a superfície. De acordo com Badin, eles estavam em lugares muito profundos, a cerca de 1 km da superfície. Guiados por Irina, o grupo prosseguiu através dos túneis, sentindo a escuridão se tornar penumbra, até terminarem num lugar impressionante.

Os aventureiros saíram por uma passagem escavada em formato semicircular que terminava num pequeno platô, projetando-se das paredes em forma de cúpula de uma imensa caverna, iluminada por uma fosforecência alaranjada nas paredes que provinha de fungos. No fundo da caverna, eles avistavam uma cidade subterrânea, e das paredes da cúpula, projetavam-se várias outras passagens similares a que eles estavam, ligadas entre si algumas por escadas verticais ou por degraus de pedra. Do platô onde eles estavam, nenhuma escada saía, no entanto, logo abaixo, a cerca de 15 metros, projetava-se outro platô.


Com a ajuda de Badin para posicionar o píton e de Chantal para preparar os nós, Irina amarrou as cordas para descer o grupo até o platô inferior. O primeiro a descer foi Badin, e ninguém do grupo pensou em tirar a pesada armadura para que o anão descesse. Apesar das melhores tentativas, os nós das cordas não foram bem amarrados, e Badin caiu de uma altura equivalente a 9 metros, caindo inconsciente. O grupo precisou subir as cordas, refazer as amarras e testá-las. Preocupados com o estado do anão e sem sequer saber se ele estava vivo, desceram primeiro a elfa Liahra, sem seu equipamento, que certificou-se de que Badin ainda estava vivo e prestou os primeiros socorros. Depois disso, os aventureiros desceram seu equipamento e terminaram o percurso pelas cordas, dessa vez, sem outros acidentes.

Apesar de ter sobrevivido à grande queda, não foi completamente ileso. Badin fraturou uma perna e Kas colocou-a no lugar com uma tala. Depois disso, o anão precisou ser apoiado por Liahra e Baco para conseguir andar.

O platô onde o grupo se encontrava possuía uma escada de degraus, no entanto, ansiosos por encontrar um lugar para repousar, o grupo seguiu para dentro do túnel, e Irina guiou-os até uma reentrância parcialmente escondida e relativamente segura, na qual eles se revezariam em turnos de guarda.

Foi no turno da ranger que algo inusitado aconteceu. Irina estava sentada próxima da luz, os olhos perdidos em algum ponto cego na parede enquanto escutava atentamente e pensou ter ouvido gritos por comida e socorro, em idioma comum. Intrigada, acordou Kas, que não conseguiu escutar o que havia atraído a atenção da meio-elfa. Irina pediu que Kas vigiasse o acampamento enquanto ela ia verificar.

Munida de uma tocha e com a cimitarra em mãos, Irina começou a percorrer o túnel, silenciosamente, na direção em que havia ouvido os barulhos. Não fazia cinco minutos que havia deixado o acampamento e foi surpreendida pelo barulho de vários passos – passos pesados, rudes e ruidosos, diferente da suavidade letal com a qual os drow costumavam movimentar-se. Um cheiro forte e nauseante lhe atingiu e a ranger cambaleou, pelo fedor e de surpresa, quando viu um grupo de estranhos com a pele coberta de algo escuro (excremento – a origem do odor fétido), alguns usando o que pareciam ser perucas improvisadas com cabelo branco, parecendo toscamente com drows, pararem, surpresos com a estranha que destoava absurdamente daquele lugar. Irina, no entanto, sabia que aqueles não eram drows, no entanto, ainda não tinha certeza se aquele grupo era de amigos ou inimigos.

Quem é você?” um deles perguntou.

Quem são vocês?” foi a resposta da ranger.

A maior parte do grupo partiu, esbaforida, dizendo que não havia tempo para conversar e restou apenas aquele que havia indagado Irina. Pela altura e pelo porte, provavelmente era um humano. Rapidamente, ele explicou que eles eram fugitivos e que vinham da cidade. Isso alarmou Irina.

Vocês vieram da cidade? Alguma possibilidade de terem sido seguidos?

Temendo pela segurança dos seus amigos, Irina correu até o acampamento, e com a ajuda de Kas, acordou os que dormiam. Kas também foi o responsável por conjurar água e vapor para limpar o estranho e tornar sua presença mais tolerável. Ele apresentou-se como Hael.

Como na opinião de Hael os seus antigos companheiros pareciam saber para onde era a saída, os aventureiros decidiram segui-los, o que não era difícil, tanto pelo barulho quanto pelo cheiro deles, e reiniciaram o percurso para o platô na caverna fosforecente, dessa vez, seguindo pela escada. Quando perderam o som dos fugitivos, o grupo resolveu preparar-se para qualquer perigo e continuar seguindo em frente.

O corredor alargou-se e os aventureiros surpreenderam-se ao ver os fugitivos todos mortos num chão. De um dos corpos, um drow retirava uma espada com a lâmina rubra de sangue e atrás dele, mais quatro drows encaravam os recém-chegados. Esses drows, diferiam muito dos drow que haviam sido enfrentados anteriormente: usavam armaduras bem trabalhadas ostentando o símbolo de Lolth no peito, capas roxas e elmos esculpidos que deixavam entrever somente os olhos vermelhos e cruéis. Ainda na parte estreita do corredor, o grupo esperou, com Liahra, Irina e Hael (usando a falcione capturada por Badin em uma batalha pregressa e uma armadura mágica conjurada por Baco) bloqueando a passagem e protegendo os amigos.

Essa batalha também foi árdua. Ainda que estivessem em vantagem numérica, Badin estava ferido e necessitava de proteção (e portanto usou o arco de Liahra para ferir os inimigos à distância) e os inimigos tinham armas e armaduras bem feitas. Não fossem as flechas providencialmente atiradas por Chantal e Badin, pela bênção de Liahra, pelas magias de Baco e pela cura fornecida por Kas, Liahra, Irina e Hael cairiam, deixando o resto dos seus amigos suscetíveis.

Quando os cinco inimigos foram derrubados, o grupo observou os inimigos. Chantal, Hael e Irina revistaram os corpos em busca de pertences e Badin observou que o s inimigos usavam uma espécie de divisas em suas capas, e que ainda que não soubesse o que elas significavam, aqueles cinco eram militares graduados. Hael tomou para si a espada larga de um dos inimigos e uma armadura, e a repulsa que ele sentiu por usar a peça que ostentava o símbolo da maligna Lolth e a sua necessidade por esconder o símbolo, além da sua perícia em combate, mostrou que ele não era nada menos que um paladino.

Liahra verificou os corpos até encontrar um drow que estava gravemente ferido, porém ainda vivo, e o curou o suficiente para deixá-lo consciente. O inimigo, no entanto, não parecia disposto a colaborar.

Vocês não sairão daqui. Vocês vão morrer aqui!” foi o que ele disse, mesmo depois de ameaças, quando perguntado sobre como poderiam voltar à superfície.

Foi Liahra quem achou a solução para o problema. Depois que Hael perguntou qual era o caminho para eles deixarem a caverna, a clériga usou sua magia de comando para quebrar a vontade do drow e obrigá-lo a contar.

O inimigo observou a elfa chocado e depois de relutar, começou a falar “Vocês devem seguir em direção a cidade, e atravessá-la até a saída norte. Sigam pelo caminho e tomem o terceiro túnel à esquerda. Virem 45 graus e entrem na primeira caverna. Vocês devem passar pela terceira porta, a porta lisa, e chegarão à escada em espiral que leva à superfície. A escada é guardada e só se pode atravessá-la dizendo a senha.

Qual é a senha?” alguém perguntou, e o inimigo do subterrâneo manteve-se calado. Liahra usou novamente seu artifício.

Qual é a senha?” Hael perguntou.

Responda.” Liahra ordenou.

A que o drow respondeu: “Lolth, a única. Lolth, a Rainha.

Depois disso, o grupo decidiu que seria arriscado demais deixar para trás aquele inimigo moribundo, já que os outros drow poderiam encontrá-lo, curá-lo e isso colocaria sua fuga em risco. Kas responsabilizou-se por matar o inimigo com dignidade (uma vez que a morte planejada por outros, como Chantal, Badin ou Irina teria sido mais violenta).

Morto o último drow, os aventureiros começaram a revistar os corpos e pensar no que poderiam fazer para atravessar a cidade – que parecia ser o problema mais crítico do percurso orientado pelo drow. Irina pensava se podia haver algum caminho através dos túneis e escadas que levavam aos platôs, evitando a cidade, o que parecia impossível, Hael avisava dos perigos que eles corriam atravessando a cidade e que precisariam ser rápidos para fazer isso e todos preocupavam-se com o fato de Badin ser um atraso para o grupo com a perna quebrada. No meio da discussão, foi Baco quem achou a solução.

O mago rasgou um pedaço de uma das capas roxas dos inimigos e ateou fogo, o que atraiu a atenção de seus companheiros, que pararam para observar. O trapo incendiou até virar cinzas. Baco esperou um pouco, pegou as cinzas em suas mãos e esfregou o rosto, deixando-o negro como breu.

Agora eles tinham um plano.



* Aproveitando a narrativa para homenagear o Tolkien, um dos maiores escritores de todos os tempos e a grande inspiração de rpgistas ao redor do mundo. Pra quem percebeu, sim, esse é o mesmo título da narrativa da jornada da Comitiva do Anel pela escuridão de Moria. =)

2 comentários:

PluckTheDuck disse...

CARACA! Contou genialmente! Adorei. heehehehehehe


E o desenho tb O.o Você fez ou achou por aí?

@iGs__ disse...

haha.. comentei aqui e o post n foi.. o.o dumal..
mto bom Lari.. =] ;*