domingo, 12 de setembro de 2010

Baco, o Patife


Existe em Bantur, uma estalagem não muito luxuosa que é popularmente conhecida como Copo Sujo. O nome real já caiu em desuso há semanas e o proprietário, Bob, até que gostou do apelido. A clientela é fiel e agora também sente um carinho especial pelo lugar, pois "ajudou" a nomeá-lo. A verdade, porém, é que o nome foi criado pelos seus dois garçons: Inquieto e Patife.

A história que vim lhes contar não é a história do Copo Sujo. Eu vim lhes apresentar o Patife.

Seu nome verdadeiro é Baco Grogan. Seu passado, desconhecido pela maioria, não é nada do que se imagina para um simples servente de bar. Muito pouco tempo atrás ele era um dos alunos da Academia Real de Magia e frequentava os melhores salões da cidade...


Desculpem. Estou me atravessando. Deixem eu começar a história pelo tempo correto: o ínicio.


Baco nasceu em um dia ensolarado, pouco depois do almoço. Seu parto foi totalmente sem complicações e o bebê era perfeitamente saudável (de fato, era até levemente rechonchudo). Seu pai, um primo direto do Rei, deu uma festa de 5 dias para comemorar o nascimento de seu primeiro filho homem. Presentes vieram de vários lugares de Arad e a criança foi apresentada em praça pública. Seu berço era literalmente de ouro.

Como não poderia deixar de ser, sua infância foi maravilhosa. O menino tinha servos particulares que lhe traziam as guloseimas que pedia. Tinha brinquedos que a maioria das crianças nem sabem que existem. Seus pais eram um ótimo exemplo de péssimos educadores e foi uma sorte tremenda o garoto não ser mimado. O único incidente marcante de sua infância foi a explosão do castelo, do qual não se recorda muito.

Desde pequeno, Baco demonstrava grande inteligência. Adorava quebra-cabeças e gostava de ouvir os adultos fazendo charadas. Lia bastante e fazia perguntas capciosas aos pais, mas não gostava de ficar muito tempo em uma sala de aula ouvindo professores palestrando. Sempre teve muita vontade de conhecer o mundo por si mesmo.

A melhor oportunidade apareceu quando foi ingressado na Academia. Obviamente não levava jeito para a vida militar, pois nunca foi uma criança muito ativa e tinha um gosto muito grande pela hora do jantar. Seus pais esperavam que a Academia fosse lhe ensinar disciplina, mas estavam terrivelmente enganados. Logo nos primeiros dias, Baco já se juntou à turma do fundão e foram conhecer os prazeres da vida noturna.

No dia seguinte, o patife acordou em um colchão estranho (provavelmente cheio de piolhos), com uma mulher estranha a seu lado e a cabeça doendo terrivelmente. Foi provavelmente o momento mais feliz da vida do garoto (teria sido a noite anterior, mas ele não se lembra dela). Ele descobriu que não tinha sido feito para as danças regradas do Salão do Rei, tinha sido feito para os arrasta-pés das tabernas.

Não demorou muito para descobrir que não era bem visto pelos professores. A maioria dos mestres simplesmente lhe desprezava e alguns se exasperavam com a falta de aptidão do garoto (principalmente Alec, o Necromante e Farah, a Encantadora). Contudo, era apenas o mestre de Evocações que realmente odiava o nosso jovem protagonista. Não deixava escapar uma oportunidade para humilhá-lo e lhe aplicava detenções sempre que possível. Não ajudava em nada o fato de que o garoto tinha realmente o dom para esta matéria. Obviamente o sentimento era mútuo e, depois de alguns anos, o garoto foi pego colocando fogo nas vestes do professor. A expulsão foi imediata e o banimento inevitável. A carta de dispensa não poderia ser mais clara: "Recomendamos que este aluno não retorne à Instituição".

Ao retornar para casa, Baco foi recebido por um pai irado e uma mãe desapontada. Palavras rudes foram trocadas e ameaças foram feitas com vozes exaltadas. Ao final de uma longa hora, o filho estava na rua com uma trouxa de roupas e o pouco dinheiro que tinha guardado, o pai estava fumegando com a ousadia do rapaz e a mãe estava horrorizada por seu filho ter se rebelado.

Desde então, o Patife está morando no segundo andar da estalagem citada no começo do texto e lavando copos para pagar a comida do mês. Se querem saber como ele recebeu o apelido, esperem as próximas edições.

3 comentários:

Unknown disse...

Adorei a imagem. UAHuHAUhaUhAUhauh

Pati disse...

Excelente, realmente =)

PluckTheDuck disse...

Caiu como uma luva. hehehe =D