No horizonte, era possível ver uma mancha sobre o azul do oceano. Um navio se aproximava.
Depois de algumas horas já era possível divisar os contornos da embarcação.Um galeão branco, todas as velas de seus quatro mastros enfunadas e os remos todos trabalhando sincronizados, se aproximava da costa.

A caixa ornada foi carregada primeiro. Todas as outras seguiram e dois marinheiros acompanharam o chofer. O capitão da bela embarcação ainda não havia sido visto. Um outro marinheiro providenciou outra carroça para os levar para onde quer que a outra carroça estivesse indo.
As carroças se afastaram e em pouco tempo sumiram em meio às pessoas que ali transitavam a pé e em charretes, carroças e cavalos. Uma porta na cabine do galeão se abriu e por ela saiu uma figura distinta. Chapéu negro de capitão com uma pluma vermelha como sangue, trajes rubros e longos cachos cascateando por sobre os ombros, o cabelo quase da mesma cor das muitas saias do vestido. Uma camisa negra como a noite escondia seu colo, saindo de baixo de seu espartilho não muito apertado. Sua pele muito branca contrastava com a profundidade dos olhos negros, ressaltando os traços marcantes e, se não muito belos, definitivamente inesquecíveis.
Logo atrás dela um jovem pouco mais velho que ela mesma e com feições semelhantes, longos cabelos vermelhos como o fogo amarrados em um rabo de cavalo baixo, camisa vermelha, colete negro, uma bandana negra protegendo a cabeça, calças e botas negras fechando o conjunto. Os dois eram uma visão surpreendente em uma embarcação tão vistosa e tão delicada ao mesmo tempo, branca como a lua.
Colocando os indicadores e dedos médios das duas mãos entre os lábios, ele soltou um longo assovio, um tom penetrante e desconcertante, que foi respondido por um guincho infernal vindo do porão do navio. Escotilhas foram abertas no casco do navio e mais rápido do que o olho consegue acompanhar, formas negras saíram por elas e alçaram vôo antes que se conseguisse distinguir o que eram. Passantes e marinheiros dos outros navios se refugiaram onde puderam para se proteger do que quer que fossem aquelas coisas tenebrosas.
Uma centena de sombras negras saíram do navio antes que o assovio cessasse e os guinchos horripilantes ficassem distantes o suficiente para as pessoas saírem de seus esconderijos. O homem e a mulher trajados de vermelho e preto desceram, então, pela prancha de desembarque de seu navio. Com apenas um gesto da mão dele, a prancha voltou sozinha para seu lugar dentro do navio e as velas desceram e se enfunaram, a âncora subiu e os remos saíram por suas escotilhas e começaram a trabalhar, levando o navio para longe do porto.
Ele estendeu o braço para ela e os dois saíram andando. Por onde passavam, as pessoas abriam caminho para eles, com medo, até que os dois se misturaram também à multidão de passantes que não haviam visto a cena no píer e não foram vistos tão cedo...
Lembrando: tudo o que é escrito aqui acontece eventualmente ou já aconteceu, e não pode ser mudado ;]
3 comentários:
/meeedo
xD
Muito medo =~~~
Cixa bonita! *.*
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