domingo, 12 de setembro de 2010

Bem Vindo ao Copo Sujo.

Nascido não se sabe onde, e nem se importa, um menino foi largado à porta do mosteiro nas montanhas. Seu nome era Adron. Foi largado enrolado em panos finos, uma carta com "um/seu" nome e um anel com um brasão desconhecido para os monges fazerem o que bem entenderem.

Começou a treinar a partir do momento em que suas pernas o sustentaram, e seus ouvidos entendiam o que lhe era dito, apesar de nem sempre o ouvido significar obedecido. A história começa quando o pequeno Adron ganhou o apelido de "Inquieto".

Cinco anos de idade, sala de castigos, fechada, escura, úmida. Quinze horas de meditação e uma semana de silêncio por "flatular" no horário de meditação, tirando a atenção dos outros garotos, e fazendo-os saírem da sala devido ao mau-cheiro. Afinal, legumes, legumes e legumes uma hora fazem mal. "Antes para fora do que para dentro" dizia o Grão-Mestre, mas não acho que se referia a gases.

Oito anos de idade, um mês de isolamento, e duas semanas vendado por ler pergaminhos de artes marciais muito avançados, e tentar aprendê-los sem permissão nem supervisão dos mestres, nas altas horas da madrugada, na ala de refeição e se machucar quebrando uma cadeira. "Quanto mais conhecimento, melhor", dizia o Grão-Mestre, mas não acho que se referia à coisas as quais não lhe são destinadas, principalmente no horário e local escolhidos.


Treze anos de idade, pátio principal, horário de treino. Um colega de treino com quatro costelas quebradas, tossindo sangue, e não fazendo sentido nenhum no que dizia. Três meses com mãos e pés acorrentados, sem poder treinar, carregando 100 quilos de ferro aonde fosse. "Se você tem força, use-a para os fins certos." dizia o Grão-Mestre, mas acho que vingança por puxarem minhas cuecas não era motivo.

Quinze anos de idade. Quarto do Grão-Mestre. Uma carta. Uma trouxa de roupas. Uma prece entalhada na forma de uma estátua (se é que pode se chamar um toco bruscamente lascado com uma adaga de estátua). O menino Adron se torna homem ao ouvir o Grão-Mestre dizer:

-Adron, você está incumbido de uma missão IMPORTANTÍSSIMA, a qual deve ser levada a sério, como o homem o qual você se tornou hoje, quinze anos após encontrarmos seu berço na porta do mosteiro. Você deve encontrar um artefato raríssimo, e trazê-lo devolta aos seus irmãos, demonstrar seu uso, sua força, seu poder, e dele utilizá-lo para fazê-los entenderem que a calma, e a espera, fazem de um pássaro o maior predador desse mundo. O nome do artefato é Paciência.

Adron aperta seu estômago, se inclina para frente, cai de joelhos... E ri. Ri alto. Com gosto. Vontade. Prazer. Não se lembra de ter rido com tanto gosto, nem quando peidou no salão e os irmãos saíram praticamente vomitando devido ao excesso de repolhos no almoço. Quando consegue recobrar seu fôlego, cinco minutos depois, percebe que o Grão-Mestre Wutai não está esboçando o sorriso que esboçava quando fazia gracinhas. Ele está falando sério.

-Sifu Wutai, -disse Adron- não quero ir embora. Se for, posso ser tentado pelos demônios externos a não voltar. A cair nos vícios. A arranjar uma mulher, um filho, um lar. Tenho medo, Mestre. Medo de não querer voltar.

-Adron, hoje nomeio-te "O Pássaro Inquieto", por não conseguir manter-se parado em momento algum, em não prestar atenção em metade do que vos digo, e em temer retornar para casa. Pegue suas coisas, e só retorne quando puder comprovar que sua maior virtude aflorou.


São oito horas da noite, o sol se pôs quando a cena acima ocorreu. Adron saiu do quarto do Grão-Mestre com uma reverência mais demorada que o normal, e seguiu até seu quarto. Deitou-se, e adormeceu.

Com o sino da manhã, Sifu Maeron, um Anão de uniforme veio acordá-lo. "-De pé moleque, você tem que ir antes dos outros acordarem. E uma boa parte deles já está em pé. E boa viagem".

Juntou suas coisas, comeu o desjejum ralo, pão, água, e uma fatia de queijo, oferecida geralmente à viajantes, e saiu pela porta. No portão do mosteiro, Sifu Wutai esperava, com uma módica quantia em moedas, "despesas de viagem, espero que ajude", e seguiu seu rumo mosteiro adentro.

Desceu a escada da montanha com passos pesados. Chegou ao rio, um barco ancorado, pediu carona rio acima, o bom elfo aceitou ao preço de uma moeda. "Uma moeda bem gasta"...

Chegou numa vila enorme. Ouviu histórias de viajantes. O nome da vila que não era vila era Bantur. Cidade Grande. GRANDE. Gente estranha, cheiro incomum. Excrementos, fumaça, perfumes das moças com roupas provocantes (apertou firmemente as moedas no puído bolso, rezando para não usá-las. Não para isso). Chegou num local cuja placa acima da porta era uma Caneca. Entrou, farejando algo azedo, parecido com vômito. E sujeira. Muita sujeira. O que viu, foi a cena mais linda e apavorante da sua vida. Pessoas pulando em mesas, cadeiras, tocando instrumentos, cantando canções, gritando, falando, cuspindo e brigando.

O fascínio de tal cena não pode ser descrito com palavras tão frugais e sem peso, pensou Adron (pensei eu. Adoro terceira pessoa). Chegou no balcão, apresentou-se e pediu abrigo para um viajante em busca de Paciência. Gordo, alto, careca, camiseta suja, um pano imundo na mão, esfregando o interior de um caneco em estado lastimável do outro lado do balcão: "Largue suas coisas lá atrás, na cozinha, e venha aqui para trás do balcão. Tenho que separar o Bozom e o imbecil do Areth, estão brigando por cerveja de novo. Meu nome é Bob, ele é Baco. Bem-vindo ao Copo Sujo."

E assim começou a correria pelo ouro de cada caneca tomada, cerveja de qualidade (duvidosa, mas gostosa), e risadas, confusões, explosões de um Baco bêbado sem controle das mãos e palavras estranhas que solta e parecem queimar coisas... Ao Copo Sujo, e além...

*PS: A Aventura se passa um ano após minha chegada no Copo Sujo.*
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Quer saber da Wis Ig? Eu morei 15 anos num templo, e um ano trabalhando em um bar, tendo que atender estranhos, malandros e o caralho a quatro de gente estranha. Força? Carregar barris de cerveja. Dex? Não derrubar os barris de cerveja (Bob dói). Con? Acorde às oito da manhã, abrindo um bar, e vá dormir às 2 da manhã, fechando um bar. Cha? Não preciso, trabalho num bar pra pobre, não pra rico. ;] Int? Contar moedas, lembrar pedidos.

Serve assim?

4 comentários:

PluckTheDuck disse...

AuheuhaeuHauehUAHEUAHEUAHE

ÓTIMA!

@iGs__ disse...

AUHAUHuah mto legal, mas, onde fica a sabedoria 16!? xD

Miro, O Inquieto disse...

Ok, vou re-escrever o background então. Mas não para já.

@iGs__ disse...

rs, n fique brabo! xD
só to comentando, pq se, na verdade, você foi "chutado" do templo, justamente por falta de sabedoria, significa que os 15 anos que passou lá não contam... rs.. mas o BG é seu.. mas personagens sábios dificilmente teriam um passado com episódios de tanta impaciência..